O TEXTUS RECEPTUS, texto grego subjacente à KJV [e à ACF] foi editado pela primeira vez por Desidério Erasmo e publicado em 1516. Erasmo tinha antes dele meia dúzia de manuscritos durante o processo de edição. Os críticos são rápidos em aproveitar essa “falha” do Textus Receptus para ridicularizar a KJV. No entanto, essas críticas são injustificadas.
Na Bíblia, Deus usou apenas alguns manuscritos para preservar Suas palavras.
Há um problema teológico em ridicularizar o Textus Receptus com base no fato de que sua edição original descende de apenas alguns manuscritos. Nossa teoria da crítica textual deve basear-se no que a Bíblia diz sobre a transmissão textual, não nas filosofias dos teólogos liberais. A Bíblia é clara que Deus pode usar apenas um punhado de manuscritos para preservar suas palavras.
A Bíblia descreve uma época em que Hilquias, o sumo sacerdote, encontrou o “livro da lei” (IIRe. 22.8) ou o “livro da aliança” (IIRe. 23.2) na casa do SENHOR durante o reinado de Josias. O livro da lei, se eram apenas os cinco livros de Moisés ou uma coleção de todos os livros bíblicos escritos até então, teve que ser redescoberto durante o reinado de Josias, porque as primeiras gerações iníquas sob Manassés e Amom aparentemente haviam erradicado o livro da lei da terra. Essa erradicação dos livros bíblicos era tão difundida que até mesmo o sumo sacerdote não os possuía até que os descobriu no templo.
Este livro encontrado por Hilquias se tornou a cópia ancestral de todos os manuscritos hebraicos que existem hoje. Pode-se especular que Hilquias encontrou outros manuscritos em outros lugares ao longo do tempo, mas isso seria uma especulação, já que a Bíblia não diz isso. A Bíblia retrata claramente esta única cópia encontrada no templo como o único catalisador para o grande reavivamento espiritual durante o tempo de Josias e a redescoberta das palavras de Deus para as gerações subsequentes. Esdras, um descendente direto de Hilquias (Ed. 7.1), canonizou o Antigo Testamento e o transmitiu para as futuras gerações. O Antigo Testamento de Esdras foi certamente baseado na cópia de Hilquias encontrada no templo. As leituras dessa cópia acabaram divergindo nas várias correntes do Antigo Testamento existentes hoje, como os Massoréticos, os Manuscritos do Mar Morto, o Samaritano e a LXX. Quer Hilquias ou Esdras tenham encontrado outros manuscritos além do encontrado no templo durante o reinado de Josias, a Bíblia fica clara que o número de manuscritos não importa desde que providencialmente fornece os manuscritos para um tempo de reavivamento espiritual. O rei Josias viu a mão de Deus preservando essa única cópia e nunca duvidou de sua autenticidade ou integridade. Ele fez com que as palavras deste único exemplar fossem lidas para o povo (IIRe. 23.2).
Há um forte paralelo entre Hilquias e Desidário Erasmo, o criador do Textus Receptus. Ambos eram homens de alta reputação e posição. Ambos estavam em pé enquanto seus contemporâneos eram apóstatas. Ambos fizeram com que as palavras de Deus fossem publicadas depois de um tempo de escuridão espiritual. Ambos foram catalisadores de um grande despertar espiritual. O Textus Receptus foi para a Reforma o que a descoberta de Hilquias foi para o reavivamento nos dias de Josias. Os críticos textuais modernos precisam aprender o que a Bíblia diz sobre a transmissão textual. Se Deus quer que suas palavras sejam publicadas para um tempo de despertar espiritual, ele pode fazê-lo através de apenas um manuscrito.
O Textus Receptus não é apenas a meia dúzia de manuscritos do Erasmo.
Em todo caso, o fato de que Erasmo teve somente um punhado de manuscritos durante sua preparação da edição de 1516 é irrelevante em relação à confiabilidade do texto subjacente à KJV [e à ACF]. Em primeiro lugar, nenhum estudioso contesta o fato de que Erasmo havia estudado leituras variantes do Novo Testamento ao longo de sua vida antes de publicar o Textus Receptus. De fato, o estudo das leituras variantes no Novo Testamento grego não começou com Erasmo, mas com eruditos como Thomas Linacre (1460-1524) e John Colet (1467-1519), e até mesmo retroage até Jerônimo (347-420). Embora Erasmo tenha passado apenas dois anos na frente de um punhado de manuscritos gregos para compor sua primeira edição, seu conhecimento sobre o Novo Testamento Grego e suas variantes não veio apenas de olhar para esses poucos manuscritos no período de dois anos. Em segundo lugar, a KJV foi concluída em 1611 [e a tradução de Almeida em 1681] – quase um século depois que Erasmo compôs sua primeira edição do Textus Receptus em 1516. Os tradutores da KJV provavelmente usaram a edição de 1598 de Beza [e os tradutores da ACF utilizaram a edição de Beza de 1894]. Pelo menos vinte e cindo anos de erudição haviam entrado no Textus Receptus na época da KJV. Erasmo atualizou seu Textus Receptus em 1519, 1522 e 1527. Estefano também editou o Textus Receptus em 1546, 1549, 1550 e 1551. Beza editou o Textus Receptus nove vezes entre 1565 e 1604.
Os críticos são rápidos em apontar que Erasmo retraduziu os últimos seis versos do Apocalipse para sua edição de 1516. Mas apesar dessa acusação, vemos que Erasmo incluiu uma leitura em Apocalipse 22:20 que existe no [texto] grego, mas não [existe] em qualquer edição da Vulgata (i.e. “αμην ναι ερχου (Amen. Ora vem)” em vez de “amen veni (Amém. Vem)”). Esta é uma evidência de que Erasmo não se limitou às leituras contidas nos poucos manuscritos colocados diante dele durante a editoração da edição de 1516. No mínimo, Erasmo consultou notas como as anotações de Lorenzo Valla. A acusação em relação ao tratamento de Apocalipse 22.16-21 de Erasmo é tratada no site. A análise mostra que as únicas diferenças traduzíveis entre o Textus Receptus e outros manuscritos gregos existentes são duas pequenas palavras: καὶ e γὰρ.
Quanto aos alegados “incontáveis centenas de erros de impressão” na primeira edição do Erasmo, estes foram corrigidos em edições posteriores do Textus Receptus por ele próprio e outros, e nunca fizeram do seu jeito para com a KJV [e a ACF].
Os tradutores da KJV [e João Ferreira de Almeida] sabiam de leituras variantes.
Os tradutores de KJV [e João Ferreira de Almeida] não eram ignorantes da massa de manuscritos e leituras variantes. A KJV 1611 tem notas marginais ao lado dos seguintes versos mostrando leituras alternativas:
Mat. 1.11, 26.26, Luc. 10.22; 17.36; Jo. 18.13; At. 25.6; Ef. 6.9; Tg. 2.18; IPed. 2.21, 2.2,11,18, IIJo. 8.
Isso mostra que os tradutores da KJV não estavam traduzindo em um vácuo Textus Receptus. Havia outros manuscritos disponíveis para os tradutores da KJV, mas ainda assim, usavam o Textus Receptus.
O Textus Receptus concorda com a maioria dos Manuscritos.
Por fim, a maioria dos manuscritos que foi descoberta e catalogada nos últimos quatrocentos anos concorda mais com o Textus Receptus do que com o moderno texto da Nestle-Aland / Sociedades Bíblicas Unidas (NA/UBS). A maioria desses manuscritos, chamados de Texto Majoritário Bizantino por estudiosos como Wilbur Pickering, Zane C. Hodges e Maurice A. Robinson, estão na tradição bizantina que geralmente concorda com o Textus Receptus. O Texto Bizantino/Majoritário (2000) pode ser visto em <http://www.biblos.com>. Embora seja verdade que nenhum manuscrito bizantino existente combina perfeitamente com o Textus Receptus, o mesmo poderia ser dito que nenhum manuscrito Alexandrino existente corresponde ao texto da NA/UBS. O texto da NA/UBS é grandemente editado, sendo um texto composto de leituras do Codex Sinaiticus, Codex Vaticanus e outros manuscritos, os quais discordam uns dos outros em milhares de lugares (John William Burgon, The Revision Revised [A Revisão Revisada], p.11). Com respeito às diferenças de versos inteiros, o Codex Vaticanus não tem Mat. 12.47, quarenta e cinco capítulos de Gênesis, trechos de Hebreus, as Epístolas Pastorais e o Apocalipse. O Codex Sinaiticus não tem Mat. 24.35, Luc. 10.32, Luc. 17.35, Jo. 9.38, Jo. 16.15, Jo. 21.25 e ICor. 13.2. Os papiros são apenas fragmentos de vários livros.
Fonte:
<http://textusreceptusbibles.com/Document/Based_on_Few_Manuscripts>.
Traduzido em Português por Ícaro Alencar de Oliveira. Rio Branco, Acre, Brasil: 04/07/2018.






Deixe um comentário