Por Ícaro Alencar de Oliveira
A vida do patriarca Abraão sempre foi causa para especial meditação para a igreja de Cristo. Isso ocorre pelo fato de que, à luz do NT, somos recebedores das bênçãos espirituais da aliança abraâmica, em especial o dispositivo do pacto “e em ti serão benditas todas as famílias da terra” (Gên. 12.3b). No primeiro versículo deste capítulo citado acima, encontramos primeiramente a promessa de terra: “Sai-te da tua terra […] para a terra que eu te mostrarei” (v. 1) seguida da promessa de descendência (“far-te-ei uma grande nação” v.2).
Imiscuídas entre as bênçãos espirituais que se seguiram (“engrandecerei o teu nome; e tu serás uma bênção. E abençoarei os que te abençoarem, e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem” v.2-3), seguiram-se ratificações das promessas físicas: “À tua descendência darei está terra” (v. 7); Paulo, aos Gálatas, disse: “Ora, as promessas foram feitas a Abraão e à sua descendência. Não diz: E às descendências, como falando de muitas, mas como de uma só: E à tua descendência, que é Cristo.” (Gál. 3.16). Paulo ensinou à igreja na Galácia, que aquela promessa para a descendência, era dirigida especificamente à pessoa de Cristo que é a descendência; logo, o Messias herdaria a terra que Deus jurara que daria à semente de Abraão.
Uma verdade tão singular quanto esta fica ainda mais evidente quando Abraão assim questionou Jeová: “YHWH Adonai, como saberei que hei de herdá-la [a posse da terra que Deus prometeu que daria, no verso anterior]?” (Gên. 15.8), encontramos um dos eventos mais poderosos na jornada de fé do patriarca Abraão. O que se segue, é uma descrição dos eventos descritos em Gên. 15.7-16.
Seguindo o costume dos pactos do Oriente próximo em que as partes que adentrariam em pacto organizavam duas filas diante de si, feitas com cadáveres em pedaços de animais, representando que assim seria feito àquele que quebrasse o pacto, Deus ordenou a Abraão que assim procedesse: partiu ao meio uma bezerra, uma cabra e um carneiro e pôs os pedaços de frente para o outro. Além desses, foi ofertado em sacrifício uma rola e uma pomba, mas não foram partidas. Passado certo tempo, quando as aves já sobrevoavam o local, ao pôr-do-sol, veio um sono sobre Abraão, que dormiu; em seguida, houve escuridão, forno e fumaça, e assim lemos nas Escrituras: “e uma tocha de fogo, que passou por aquelas metades” (Gên. 15.17).
Segundo as Escrituras, vemos que Deus fez esta aliança incondicional com Abraão. Apenas Deus passou pelas metades, de modo que o aspecto incondicional do pacto foi ratificado. E aquele pacto previa bênçãos espirituais e terrenas; por que alguns apenas olham literalmente para as bênçãos espirituais e espiritualizam as terrenas? Paulo não disse isso; ele ensinou que a descendência era Cristo; ele disse isso falando sobre a promessa do recebimento da terra para a descendência de Abraão! Algo está muito errado nisso tudo.
Dessa forma, embora compreendemos ser razoável que, em Cristo, recebemos as bênçãos espirituais do pacto abraâmico mediado pelo novo pacto vindicado no sangue de Cristo Jesus, não julgamos ser adequado que as bênçãos terrenas dessa aliança devam ser menosprezadas, como Paulo mesmo reconheceu, ao falar sobre a futura restauração da nação de Israel (Romanos 11.25-31).






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