Por Chris Thomas – Confessional Bibliology
Uma das afirmações mais frequentes de um apologista popular nos círculos evangélicos é que os Reformadores não escolheram o Textus Receptus, mas que o utilizaram porque não tinham outras opções. Será isso verdade? Não houve outros Novos Testamentos gregos durante a Reforma além do Textus Receptus? Vejamos.
A Poliglota Complutense
Em 1514 o Novo Testamento da Poliglota Complutense foi impresso vencendo o Novo Testamento Grego de Erasmo por 2 anos. Agora, se o Textus Receptus era o texto-padrão da Reforma, então o Novo Testamento Grego da Poliglota Complutense deve corresponder ao Textus Receptus. Será que corresponde? Não. Se comparar Mateus 6:13 no Textus Receptus e na Poliglota Complutense, encontrará “οτι σου εστιν η βασιλεια καιη δυναμις και η δοξα εις τους αιωνας” em falta na PC. Calvino comenta sobre isto no seu comentário de Mateus:
Pois teu é o reino. É surpreendente que esta cláusula, que concorda tão bem com o resto da oração, tenha sido deixada de fora pelos latinos: pois não foi acrescentada com o mero propósito de acalmar os nossos corações para procurar a glória de Deus, e de nos lembrar o que deveria ser o objeto das nossas orações; mas também para nos ensinar, que as nossas orações, que aqui nos são ditas, se baseiam apenas em Deus, para que não venhamos confiar nos nossos próprios méritos.
O Novo Testamento Grego de Colines – 1534
Ora, sabe-se também que Calvino, antes de utilizar o TR utilizava o NTG de Colines 1534, que é considerado como um precursor do Texto Crítico moderno. E mais tarde abandonou-o pelo Textus Receptus. O Dr. Jeffrey Riddle entra em detalhes sobre esta e outras questões no seu discurso proferido na Houston Baptist University em Fevereiro de 2016, John Calvin & Textual Criticism.
Codex Vaticanus
É bem sabido que Erasmo não só teve acesso à leitura do [Códice do] Vaticano, mas que rejeitou em parte o Vaticano por considerá-lo tendo sido retro-traduzido da Vulgata em certos lugares. Noutras palavras, o texto de fundamento de N-A28/SBU5, foi rejeitado por Erasmo como corrompido. Os Reformadores não discordaram do juízo de Erasmo sobre o Vaticanus. Mitos de Erasmo e Codex Vaticanus.
Estefano 1550 Editio Regia
Em 1550, Estefano publicou a 3ª edição do seu Novo Testamento Grego. Foi impressa com uma bela fonte grega e contém leituras marginais. Estas leituras marginais são importantes porque refletem onde o “Texto Majoritário” difere do Textus Receptus. No entanto, os Reformadores escolheram o Textus Receptus em vez das leituras marginais em todos os lugares, com poucas exceções.
Em conclusão, da próxima vez que ouvir a alegação de que o Textus Receptus é o texto pré-definido da Reforma porque não tiveram outra escolha, lembre-se que, tal como a maioria das alegações dos defensores do Texto Crítico, é conversa fiada.
Traduzido em Português por Ícaro Alencar de Oliveira. Rio Branco, Acre, Brasil: 22/02/2021
Link: https://confessionalbibliology.com/2017/01/12/textus-receptus-default-text-or-chosen-text/






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