(Ícaro Alencar de Oliveira)
Após sofrer inúmeras mudanças na liturgia, a igreja brasileira finalmente aderiu aos modelos litúrgicos pragmáticos, de espetacularização do culto neo-pentecostal nos seus mais complexos moldes — desde campanhas infundadas à um apreço exacerbado por Israel, trazendo uma tendência judaizante muito perigosa para nós, cristãos-gentios.
No meio de tanta confusão, pode-se observar que a dança “litúrgica” já é considerada um elemento estabelecido no culto cristão do século XXI. Dentro desta análise, estarei trazendo a verdade bíblica acerca deste assunto tão polêmico. Aproveitarei a oportunidade para falar de alguns episódios como o de Miriã e do Rei Davi, bem como, uma explicação bibliocêntrica acerca dos Salmos 149:3 e 150:4.
1. ASPECTOS GERAIS DA QUESTÃO
Nas reuniões primitivas do cristianismo encontramos uma distinção enorme muito grande dos elementos do culto cristão, claramente ensinados pelas Escrituras (cf. I Co. 14:26; Cl. 3:16; Ef. 5:19) e aquelas práticas circunstanciais mencionadas no Velho Testamento, que nunca serviram para estabelecer ou moldar o culto de Israel a Jeová.
A dança sempre fez parte da arte e da cultura dos povos, sendo ela própria parte da revelação geral. Que a dança é uma arte bela, não duvidamos; o mesmo podemos afirmar sobre a pintura (mesmo assim não temos ordenação de Deus para incluí-la no culto da igreja), as artes plásticas (nem por isso, podemos incluir ícones e estátuas representativas no culto cristão), o teatro (também não é parte do culto ordenado, embora fosse parte da cultura greco-romana em que o cristianismo se estabeleceu para além dos limites de Jerusalém).
Ocorre que, em tempos de relativismo ( em que a verdade é mero ponto de vista subjetivo), bem como do pragmatismo (que vê métodos visando alcançar resultados e tido como “corretos” pelos resultados imediatos obtidos, não pelo conteúdo de verdade dele extraído), e, mais recentemente, desde que a indústria do entretenimento adentrou de uma vez por todas à igreja cristã, e o culto simples a Deus, conforme ordenado nas Escrituras, fora transformado em espetáculo a ser consumido pelas massas de religiosos, sendo esvaziado da centralidade Divina para atingir as apetências e as “afeições desordenadas” (Col. 4.5) dos homens.
Nas Escrituras encontramos achamos claramente que Deus não aceitou todos os elementos culturais no culto a Ele, desde o Velho Testamento. Isso diz muito sobre o silêncio de Deus em estabelecer a dança como parte da adoração a Ele, no Novo Testamento. A título de exemplo, encontramos Nadabe e Abiú, filhos de Arão, que foram consumidos pelo santo fogo do Senhor quando introduziram novidades no culto estabelecido por Deus no templo (cf. Lv. 10.1-3).
Vindo para os nossos dias, encontramos ritmos cada vez mais “dançantes” que ocupam nossos cultos, inebriam as emoções em um frenesi sem fim, seguido de um ritmo calmo, vagaroso e melancólico, que inundam os homens de complexos turvam a razão humana, dificultando as faculdades do pensamento diante da exposição das das Escrituras Sagradas pregadas. Quem já viu um pouco de musicologia, sabe dos efeitos dos ritmos nas capacidades cognitivas dos homens; quem já leu algo a respeito da regressão psicológica, do misticismo islâmico e do kundalini, perceberá quão perigosas têm sido as influências que a cultura musical evangélica dos nossos dias vem sofrendo desses fenômenos supracitados.
2. A DANÇA E A RELIGIÃO NO PERÍODO BÍBLICO
Voltando às Escrituras e à dança no Novo Testamento, a única ocorrência ali mencionada, teve por consequência o martírio do profeta João Batista (cf. Mt. 14:6-10). Além disso, é necessário atenção especial para a ocorrência de ‘dança’ no contexto de adoração a Deus no Velho Testamento (como por exemplo, o Salmo 149:3 e 150:4), que não podem ser usados como exemplo de culto cristão, mas de adoração no contexto do povo de Israel, e ainda assim, fora da liturgia e do serviço de adoração no templo.
Escrevendo sobre as reuniões cristãs primitivas de adoração a Deus, Paulo disse: “Que fareis pois, irmãos? Quando vos ajuntais, cada um de vós tem salmo, tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação. Faça-se tudo para edificação” (I Co. 14:26). É notório observar que a dança jamais foi um elemento litúrgico para louvar ao Senhor Deus. Nisso, não há dúvidas. O que é interessante, porém, é que a prática da dança sempre esteve presente em momentos de pecado e de adoração a deuses e pagãos.
2.1. VELHO TESTAMENTO
– O povo de Israel fez um bezerro de ouro, e o adorava com danças (Êx. 32:19).
– Jefté fez um voto ao Senhor de que sacrificaria aquele que ao retornar da batalha com vitória lhe saísse ao encontro. Sua única filha lhe saiu ao encontro com danças. Porém, Deus não aceita o sacrifício humano (Gn. 22:9-14). Ele, no entanto, sacrificou-a (Jz. 11:34).
– Quando o povo de Israel estava totalmente depravado contra Deus, sequestraram e tomaram para si mulheres de Benjamim que estavam dançando (Jz. 21:20-21). Samuel conclui seu relato do período dos juízes afirmando que “Naqueles dias não havia rei em Israel; cada um fazia o que achava mais reto” (Jz. 21:25).
– Quando Davi obteve vitória sobre Golias, algumas mulheres que estavam dançando, e cantaram um cântico que fez o coração de Saul pecar (I Sm. 18.6-9). Depois que as mulheres fizeram essa canção e cantavam-na nas danças, incendiava-se o coração de Saul contra Davi que agora fugia da ira do rei (I Sm. 21:10-12).
2.2. NOVO TESTAMENTO
Jesus comparou aquela geração que o crucificou, a MENINOS gritando um ao outro “tocamos flauta e não dançaste” (Mt. 11:16-19; Lc. 7:32), em alusão ao seu ministério messiânico que não era aceito por todos em Israel. As obras de Jesus são a certeza de que ele é o Cristo. Tal fato visa advertir o povo e em nada enfatiza o serviço de adoração.
– Jesus cita na parábola do filho pródigo a dança (Lc. 15:25). No entanto, por saber que ele falava a homens de Israel, entendemos a razão cultural de fazê-lo, e, nem de perto, há um contexto de adoração a Deus em um culto, mas de uma casa em regozijo.
– A filha de Herodias dança sensualmente para Herodes. Tal dança era perigosa, pois, se o monarca não se agradasse da dança, a filha de Herodias poderia ter perdido a cabeça. No entanto, aquela dança fez com que os desejos sexuais de Herodes fossem despertados e assim ele concedeu um pedido a ela, que queria a cabeça do profeta João Batista (Mt. 14:1-12).
3. O PAGANISMO DO TEMPO DO NOVO TESTAMENTO
No período da igreja primitiva, havia a adoração à deusa Cibele (para os gregos: Afrodite) e a dança estava presente no culto pagão, mas jamais no culto cristão. Na cidade de Colossos, em que havia uma igreja estabelecida, o culto de Cibele possuía: a) Purificação com sangue de touro; b) Estados de êxtase; c) Arrebatamento Profético; d) Dança Inspirada.
Vejam alguns relatos históricos da dança pagã:
“Cibele ou Cíbele era uma deusa originária da Frígia. Designada como ‘Mãe dos Deuses’ ou Deusa mãe, [e] simbolizava a fertilidade da natureza. O seu culto iniciou-se na região da Ásia Menor e espalhou-se por diversos territórios da Grécia Antiga.”
(Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Cibele)
“Dionísio de Helicarnasso relembra que leis específicas foram aprovadas quando alguns dos aspetos indesejáveis do culto tornaram-se aparentes. A Religião de Cibele era um culto sangrento que requeria que seus sacerdotes e sacerdotisas, bem como seus seguidores deveriam cortar-se durante alguns rituais. Na iniciação, os sacerdotes castravam-se. Lá havia música selvagem, canto e dança frenética.”
(Fonte: www.dl.ket.org/latin2/mores/religion/cultcybele.htm)
4. A DANÇA NA LITURGIA CRISTÃ
A dança cristã, no meio cristão não existiu pelo menos até o ano de 1917. Damy Ferreira relata:
“Marily Daniels, em seu livro: “The Dance in Christianity – A history of religious dance through the ages” [A dança no Cristianismo – Uma História da Dança Religiosa no decorrer dos tempos], nos informa que a primeira tentativa de introduzir dança no culto cristão nos tempos modernos, foi de Ruth St. Denis, que começou a experiência em 1912. Ela casou-se com Ted Shawn e criaram a DENISHAWN SCHOOL. A autora é católica. E a experiência foi feita em igreja católica. A mesma autora informa ainda, que a primeira experiência em culto protestante foi numa igreja interdenominacional em São Francisco Califórnia, em 1917.” (FERREIRA, Damy. Louvor a Deus. Será? Editora Batista Regular. 1997. 1ª Edição. p. 42.)
Com tal relato, observa-se que a origem da dança nas igrejas protestantes, remete à uma experiência realizada na igreja católica, que por sua vez, teve como pioneira a Sra. Ruth St. Denis. Seu trabalho dentro da dança secular foi reconhecido, principalmente após apresentar “A Rainha Ester” e outros espetáculos de “dança cristã”, bem como apresentações não-cristãs ao fundar sua própria escola de dança. Tomando por base tais fatos expostos, conclui-se que a prática da dança como adoração, é uma característica litúrgica da cristandade atual, principalmente a do Século XXI, embora tal fenômeno tenha iniciado no início do Século XX.
Nunca na história cristã, até o ano de 1917, existiu prática da dança nos serviços de adoração a Deus. O louvor, para a dispensação da graça, é “em Espírito e em verdade” (Jo. 4:23); “racional” (Rm. 12:1); “Salmo, doutrina, revelação, língua, interpretação,” (I Co. 14:26) “salmos, hinos, cânticos espirituais: CANTANDO E SALMODIANDO ao Senhor NO CORAÇÃO” (Ef. 5:19); “salmos, hinos e cânticos espirituais, CANTANDO ao Senhor com graça em vosso coração” (Cl. 3:16b)
5. ANÁLISE BÍBLICA ACERCA DA ‘DANÇA LITÚRGICA’
Antes de prosseguirmos com o tema da análise bíblica do assunto: “a dança na igreja”, gostaria de salientar o que quero dizer ao utilizar o termo “liturgia”.
O termo Liturgia vem do grego λειτουργία (leitourgia) que quer dizer “serviço público”. Quando utilizo o termo “elemento litúrgico de culto” quero dizer de um elemento de um culto reconhecido e aceitável a Deus, ou ainda, de um elemento reconhecido como ordenado para a adoração. Em outras palavras, algo litúrgico é algo aceito, ordenado, e presente no culto cristão, como é o caso da música, da exposição da palavra e da oração, os quais são elementos litúrgicos (ordenados) para o culto cristão.
5.1. A LITURGIA DO VELHO TESTAMENTO
O primeiro ponto a ser levado em consideração é a definição de quais os elementos do culto que foram ordenados por Deus. O primeiro momento em que Deus estabeleceu uma adoração pré-estabelecida com todos os seus elementos definidos, foi na instituição da Lei de Moisés. A música esteve presente como um dos elementos do culto a Deus, por parte do povo de Israel; portanto, a música era um elemento muito comum no culto da Lei (Jz. 5:3; I Cr. 15:16; 16:41; 25:3,7).
5.2. LITURGIA DO CULTO APÓS A CONSTRUÇÃO DO TEMPLO DE SALOMÃO
Um dos principais marcos na história hebreia é a construção do templo de salomão. Esse marco histórico estabeleceu a roupagem da adoração pré-exílio babilônico. É interessante salientar que embora Davi não tenha construído o templo, ele se encarregou de deixar estabelecidos os turnos e as diretrizes do culto (ICr. 23:1-5; 25:1-7; II Cr. 5:12-13; 7:6), e seu filho e sucessor, Salomão, estava incumbido de seguir tais ordens de seu pai.
Este culto organizado proporcionou um grande avivamento no meio do povo de Israel, recebendo de Deus a aprovação por ser uma adoração reconhecida, obedecendo seus elementos ordenados, o que incluía a música (II Cr. 7:1-6,14-16), portanto, um louvor litúrgico; mas tal culto reconhecido por Deus não incluiu as danças como um dos elementos ordenados.
6. PROVÁVEIS RESPALDOS BÍBLICOS PARA A “DANÇA LITÚRGICA”
Examinaremos alguns casos na bíblia, os quais são considerados o “embasamento” bíblico para a prática dançante na igreja. No entanto, veremos que as Escrituras por si só provarão que a prática jamais foi instituída. Todo o “respaldo bíblico” da prática estão no Antigo Testamento, e é sabido que a velha aliança e suas ordenanças são “[…] sombras das coisas futuras, mas o corpo é de Cristo” (Cl. 3:17), isto é, o período da igreja veio quando Cristo cumpriu cabalmente a Lei (Jo. 1:17; ICo. 15:56; Gl. 2:16; 3:13,24; 5:4,14; Fp. 3:9), e, assim, estabeleceu a Nova Aliança (Rm. 4:16, 7:4; 8:2; 10:4).
6.1. ÊXODO 15.20:
“Então Miriã, a profetiza, a irmã de Arão, tomou o tamboril na sua mão, e todas as mulheres saíram atrás dela com tamboris e com danças.”
וַתִּקַּח֩ מִרְיָ֨ם הַנְּבִיאָ֜ה אֲחֹ֧ות אַהֲרֹ֛ן אֶת־הַתֹּ֖ף בְּיָדָ֑הּ וַתֵּצֶ֤אןָ כָֽל־הַנָּשִׁים֙ אַחֲרֶ֔יהָ בְּתֻפִּ֖ים וּבִמְחֹלֹֽת׃
Embora em língua portuguesa tenha sido traduzido “com tamborim e com danças”, no original, as palavras בְּתֻפִּ֖ים וּבִמְחֹלֹֽת significam respectivamente: “tamboris e com flautas volteantes” ou seja, um alegre girar em rodas. Além dessa observação importante, é necessário também lembrar que este caso ocorreu na época da Lei de Moisés e é apenas descritiva, não aprovando nem encorajando a prática na adoração; portanto, não nos restam dúvidas de que este texto é uma base fora de seu sentido para a dança na igreja. Ora, tentar unir a Lei e a Graça, é o mesmo que tentar por remendo de pano novo em roupa velha, bem como vinho novo em odres velhos (Mt. 9:16-17).
6.2. II SAMUEL 6:14,16:
“E Davi saltava com todas as suas forças diante do SENHOR; e estava Davi cingido de um éfode de linho.”
וְדָוִ֛ד מְכַרְכֵּ֥ר בְּכָל־עֹ֖ז לִפְנֵ֣י יְהוָ֑ה וְדָוִ֕ד חָג֖וּר אֵפֹ֥וד בָּֽד׃
Davi “saltava, rodopiava, girava acrobaticamente” “diante da face do SENHOR”. E assim como aconteceu com o caso de Miriã, este fato também ocorreu na dispensação da Lei, de maneira descritiva, sem qualquer juízo de valor. Portanto, mais uma vez a palavra de Deus mostra-nos que esse provável respaldo bíblico para a dança torna-se infundado com uma análise um pouco mais criteriosa.
6.3. SALMOS 149:3 E 150:3
“Louvem o seu nome com danças; cantem-lhe o seu louvor com tamborim e harpa.”
יְהַֽלְל֣וּ שְׁמֹ֣ו בְמָחֹ֑ול בְּתֹ֥ף וְ֝כִנֹּ֗ור יְזַמְּרוּ־לֹֽו׃
“Louvai-o com o tamborim e a dança, louvai-o com instrumentos de cordas e com órgãos.”
הַֽ֭לְלוּהוּ בְתֹ֣ף וּמָחֹ֑ול הַֽ֝לְל֗וּהוּ בְּמִנִּ֥ים וְעוּגָֽב׃
O contexto da passagem bíblia acima parece ser o de um desfile cívico-militar, talvez uma declaração profética da vitória do Armagedom, mas fora do contexto do serviço de adoração no templo ou na igreja do Novo Testamento.
7. LITURGIA NO NOVO TESTAMENTO
O serviço de louvor a Deus foi instituído para a Igreja. Diferente do Velho Testamento, que era repleto de cerimonialismos, a nova aliança veio com o claro objetivo de expressar o real sentido de adoração. O sentido de adoração do Novo testamento tem por base, a razão, o espírito, o coração, etc. O próprio Cristo ensinou o louvor estabelecido. Vejamos alguns textos interessantes:
7.1. MATEUS 26:30
“E tendo cantado o hino, saíram para o Monte das Oliveiras.”
Jesus e seus discípulos em um culto, adoraram com hinos cantados.
7.2. MARCOS 14:26
“E tendo cantado o hino, saíram para o Monte das Oliveiras.”
A mesma observação anterior.
7.3. JOÃO 4:24-25
“Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem. Deus é Espírito e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade.”
O sentido da adoração para a igreja é adoração em espírito e em verdade. Estes dois modos de adoração – espírito e verdade – envolvem o íntimo, ou seja, não envolvem o corpo em movimentos e cerimonialismos.
7.4. ROMANOS 12:1-2
“Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não sejais conformados com este mundo, mas sejais transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.”
Este texto é muito interessante por algumas razões. A primeira razão é que neste, o nosso corpo será apresentado como participante para a adoração. Porém, numa tentativa desesperada de encontrar embasamento nas escrituras sagradas, os defensores das danças desvirtuam o sentido desse texto tentando fazê-lo dizer o que não diz. Diferente da adoração da lei que oferecia sacrifícios mortos, hoje devemos oferecer sacrifícios vivos a Deus -nós mesmos somos o sacrifício. E tal sacrifício deve ser santo e agradável, e este é o culto racional.
Este louvor racional – mente consciência – novamente exclui o corpo em movimentos para adoração. Este louvor racional deve concomitar com a renovação de nosso entendimento – mente!
7.5. I CORÍNTIOS 14:7-8, 10, 26
“Da mesma sorte, se as coisas inanimadas, que fazem som, seja flauta, seja cítara, não formarem sons distintos, como se conhecerá o que se toca com a flauta ou com a cítara? Porque se a trombeta der sonido incerto, quem se preparará para a batalha? Há por exemplo tanta espécie de vozes no mundo, e nenhuma delas é sem significação. Que fareis, pois irmãos? Quando vos ajuntais. cada um de vós tem salmo, tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação. Faça-se tudo para edificação.”
Nesse texto, o Apóstolo Paulo usa o exemplo de instrumentos musicais para explicar acerca do mau uso dos dons espirituais, principalmente o dom de línguas. É interessante frisar, mais uma vez, a música estar presente e a dança não! Paulo diz alguns dos elementos do culto: Salmo, doutrina, revelação, língua e interpretação. Todas estas coisas anteriormente faladas devem ser feitas para edificação da Igreja. Um movimento corporal não edifica a igreja; movimentos corporais não estão inclusos nesta lista de elementos para o serviço de adoração a Deus.
7.6. EFÉSIOS 5:19
“Falando entre vós em salmos, e hinos, e cânticos espirituais; cantando e salmodiando ao Senhor no vosso coração.”
Paulo cita outros elementos da adoração: salmos, hinos, cânticos espirituais. É interessante que Paulo encorajou os irmãos a fazerem isso “com graça no […] coração”. E mais uma vez o corpo dançando não é mencionado.
7.7. COLOSSENSES 3:16
“A palavra de Cristo habite em vós abundantemente, em toda sabedoria, ensinando-vos e admoestando-vos uns aos outros, com salmos, hinos e cânticos espirituais, cantando ao Senhor com graça em vosso coração. ” (Cl 3.16)
Em uma outra lista dos elementos presentes no culto da igreja primitiva, a dança não está presente: salmos, hino e cânticos espirituais, e também adoração interior. Vale lembrar que nessa cidade (Colossos), desenvolveu-se uma adoração a uma deusa chamada Cibele. Dentre os elementos do culto a Cibele, estavam as “danças proféticas e profecias apocalíptcas”.
7.8. TIAGO 5:14
“Está alguém entre vós aflito? Ore. Está alguém contente? Cante louvores.”
Tiago encoraja aos que estão alegres a cantar louvores e não a dançar louvores.
8. CONCLUSÃO
Em tempos de entretenimento e secularização do culto, a dança enquanto elemento cúltico é prática comum e recorrente, porém, sem qualquer autorização bíblica para ocorrer nos serviços de adoração da igreja de Deus; uma igreja ortopática não pratica a dança no culto a Deus.
O que quero dizer com isto? Embora muitas igrejas em apologética não sejam relativistas (ortodoxia) e também não tenham se rendido a métodos mirabolantes de enchimento de igrejas, e evangelize, etc. (ortoprática), carece essa igreja fugir do relativismo na ortopatia.
Nem toda reação que temos quanto a Deus é correta; as afeições humanas devem ser moldadas e isso não é questão de ponto de vista, mas de obediência às Escrituras. A verdade é verdade independentemente dos que neguem.
A dança apenas é aceita dentro da igreja moderna por causa do relativismo litúrgico. O cristão secularizado acredita que os gostos e as preferências são relativas (cada um tem seu). No entanto, ao se falar do serviço de adoração a um Deus três vezes Santo, nossas reações à sua pessoa deve ser como agrada a Ele. Ela é contemplativa, é bela; não é um folguedo vazio.
De Bruyn disse que “As afeições religiosas são expressões de valores em face da beleza ou da natureza de algo”. Como devemos reagir a um Deus belo e Soberano? Com danças e o balançar do corpo, ou reverente e piedosamente, temendo e tremendo diante da Sua Santidade?
Nadabe e Abiú ofertaram um culto que agradava o coração deles mesmos (Lv. 10:1-3) sem questionarem ao Deus de Israel se isto lhe agradava. A desobediência não agrada a Deus. O certo, no culto cristão, não é o que agrada ao público, mas a Deus. E pelas Escrituras, não temos autorização para a ‘espetacularização’ do culto. Os casos de dança no Velho Testamento (Êx. 15:20; II Sm. 6:14; Sl. 149:3; 150:4) o termo poderia ser apenas “saltar”, “rodopiar”. Em todos estes casos, não vemos Deus dizendo para as danças serem inseridas no seu serviço de adoração.
Colossenses 3:5,6 alerta contra a “afeição desordenada, […] pelas quais coisas vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência” e mais a frente, no v. 16, Paulo mostra o que é afeição ordenada no culto cristão. A dança está presente no serviço de adoração ordenado e aceito por Deus? Não. Em ICo. 14:26, sobre ordem e decência (reação correta diante do Deus verdadeiro) não há danças. Em Ef. 5:19, nada de danças. Por tais razões a igreja ortodoxa, ortoprática e ortopática não possui dança nos serviços de adoração a Deus.
Por que insistem com danças nos cultos? Por que dançar enquanto o Rei está ausente? Um cântico de louvor pode até nos fazer chorar pelas nossas iniquidades; ou ainda nos encorajar a marchar como soldados convocados às fileiras de Jeová Tsavaot. Mas, dançar?!
Amados irmãos, estamos em guerra, não em festa. Despertemos. Não nos sintamos constrangidos por afirmar a verdade das Escrituras; por mais que este ensino não seja popular, é verdadeiro.






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