Publicado em Journal for Baptist Theology and Ministry [Revista de Teologia e do Ministério Batista], do Seminário Teológico Batista de Nova Orleans. Vol. 7. Nº 1 (Primavera de 2010). pp. 58-64.
Vocês são calvinistas ou arminianos?
Há uma pergunta que muitos teólogos profissionais, pastores e estudantes, bem como cristãos de mentalidade teológica nas igrejas locais, estão sendo questionados atualmente: vocês são calvinistas ou arminianos? Mais especificamente, no nosso caso, os autores que contribuíram para Whosoever Will: A Biblical-Theological Critique of Five-Point Calvinism [Quem Quiser: uma crítica bíblica e teológica dos cinco pontos do Calvinismo] têm de ser identificados com calvinistas ou arminianos? Pelo fato desse livro se destinar especificamente a abordar qual tipo de calvinismo que mede a teologia de acordo com os cinco tópicos da doutrina promulgados nos cânones do Sínodo de Dort, pode surgir a ideia de que os próprios autores são, portanto, arminianos. Esta ideia foi claramente promovida por Roger E. Olson, um articulado defensor do arminianismo, autor de um texto significativo sobre a teologia arminiana, um autoproclamado “arminiano clássico” e recente revisor de Quem Quiser. Em uma resenha acadêmica de livro em http://www.BaptistTheology.org e em seu blog pessoal, o Dr. Olson identificou os autores como “anti-calvinistas” e “arminianos”.
Embora possamos apreciar de várias maneiras as afirmações do professor Olson de que o livro “contém onze capítulos, em sua maioria excelentes, escritos por líderes e estudiosos Batistas do Sul que demolem absolutamente as principais doutrinas calvinistas”, e que “permanece como o argumento acadêmico por autores evangélicos contra o calvinismo”, nós unanimemente, embora respeitosamente, discordamos de sua caracterização nossa como “arminianos”. Como ele observa, os editores não afirmam ser arminianos. Aqui, as palavras relevantes da introdução do livro parecem apropriadas para que se repitam: “nenhum dos autores neste projeto é arminiano ou um defensor do arminianismo. Nenhum dos autores é um arminiano de cinco pontos, um pelagiano, um semi-pelagiano ou um calvinista rígido. […] Pelo contrário, nossos colaboradores tentam manter as duas posições mais extremas em equilíbrio, aprendendo com ambas, considerando-se como aqueles que estão na corrente principal da tradição teológica batista” (Quem Quiser, p. 5).
Se você lesse suas obras de forma mais ampla ou ouvisse cada um deles falar em ambientes públicos e privados, os próprios colaboradores ocupariam um espectro de pontos de vista sobre os pontos controversos do calvinismo. Alguns dos autores de Quem Quiser ocupariam uma posição mais próxima do calvinismo de cinco pontos, enquanto outros ocupariam uma posição mais próxima do arminianismo, mas nenhum se identificaria com nenhum dos extremos. No entanto, outros colaboradores defenderiam veementemente que a prática comum de medir a teologia de acordo com um instrumento defeituoso criado por um bando de teólogos da igreja estatal batizadora de bebês no século XVII é, em muitos graus, anacrônica e inútil. O propósito de cada autor ao contribuir para o livro foi fornecer uma crítica de algum aspecto do calvinismo dortiano a partir de uma perspectiva batista majoritária, em vez de promover uma versão particular do calvinismo ou do arminianismo.
Então, por que esses teólogos abordaram o calvinismo? Observe estes fatores: Em primeiro lugar, uma tarefa importante para qualquer teólogo é refletir criticamente sobre a proclamação da igreja. Em segundo lugar, muitas das nossas igrejas têm recentemente proclamado o calvinismo com o encorajamento de setores da academia Batista do Sul. Tomados em conjunto, estes fatores exigem que teólogos responsáveis abordem uma questão que é de preocupação crescente entre muitas das nossas igrejas. Somos servos das igrejas, e quando somos constantemente bombardeados com perguntas bem intencionadas sobre a interpretação bíblica nas nossas salas de aula, igrejas e lares, somos compelidos a dar uma resposta razoável. Abordamos o calvinismo porque fomos solicitados a ajudar nosso povo a refletir sobre os assuntos importantes que o calvinismo levanta. Por isso, não temos arrependimento, mas sim um senso de dever.
Logicamente, pelo fato de os autores estarem fornecendo uma crítica ao calvinismo a partir de uma perspectiva bíblico-teológica, pode-se supor que eles são o oposto ideológico: arminianos. No entanto, se os autores tivessem fornecido uma crítica ao arminianismo a partir de uma perspectiva bíblico-teológica (uma crítica que nós não tentamos nem percebemos a necessidade de abordar neste momento), eles seriam sem dúvida identificados por alguns como calvinistas. Na verdade, entendemos que outro livro que está por vir se referiu a nós como “calvinistas moderados”. Embora alguns dos colaboradores possam estar confortáveis com essa designação, outros ainda discordariam da caracterização de ser “moderado” no que diz respeito a qualquer posição teológica, incluindo o calvinismo. O mesmo desconforto em relação a certos rótulos aplica-se à descrição dos autores como “anti-calvinistas”. Mais uma vez, uma citação do livro seria útil: “Os colaboradores não são ‘anti-calvinistas’ e, portanto, estão interessados no diálogo, não no ataque. Não temos nenhum desejo de varrer o calvinismo da Convenção Batista do Sul” (p. 9).
Então, quem somos nós?
Assim, então, os autores afirmam que não são calvinistas, nem arminianos, nem anti-calvinistas. Uma vez que os autores foram claros sobre o que não são e qual não é a sua agenda, gostaríamos de pedir aos nossos leitores que honrem as nossas reivindicações. Contudo, uma vez que estas afirmações aparentemente deixaram uma sensação de vazio conceitual para muitos leitores, gostaríamos de lembrar aos nossos leitores quem somos e em que consiste a nossa agenda. Em vez de permitir que outros nos definam de acordo com uma construção que não foi criada por nós, preferiríamos preencher o espaço ideológico criado por certas reações ao livro com o que nós mesmos queremos dizer.
(Favor observar três ressalvas: e primeiro lugar, o livro em si não se destinou a fornecer uma declaração completa do caminho a seguir, mas a fornecer uma crítica. Por favor, respeite o propósito declarado do livro juntamente com os propósitos restritos declarados para cada ensaio, e por favor julgue-os nessas bases auto-identificadas. Em segundo lugar, enquanto redatores desta resposta específica, observe que os abaixo-assinados não estão na totalidade dos onze. Acreditamos que os outros colaboradores de Quem Quiser não discordariam de grande parte, se houvesse, de nossa avaliação. Em terceiro lugar, neste ensaio não estamos tentando conceder uma declaração sistemática completa de nossa teologia, mas apenas um esboço do foco que acreditamos que deveria indicar o caminho a seguir para todos os batistas, especialmente os Batistas do Sul.)
Somos calvinistas? Não. Somos arminianos? Não. Então, quem somos nós? Somos Batistas. Somos batistas majoritários na tradição de Sandy Creek, que formulam a teologia de acordo com a Palavra autorizada de Deus, inerrante e suficiente para que possamos proclamar melhor o evangelho de Jesus Cristo a todos os seres humanos. Não somos calvinistas nem arminianos; nós somos Batistas! Por favor, dê-nos um momento do seu tempo para desvendar o significado de tal importante posição. Cremos que em quase qualquer lugar em que você esteja no espectro ideológico do calvinismo e do arminianismo, ou ainda caso você se recuse a tomar uma posição no próprio espectro, você poderia e deveria se juntar a nós para afirmar, como alguns de nossos líderes disseram antes: “O foco principal dos cristãos deveria ser cumprir a Grande Comissão sob o senhorio de Jesus Cristo de acordo com as diretrizes encontradas na inerrante Palavra de Deus” (p. 8). Em resumo, não somos calvinistas nem arminianos, mas Batistas!
Nem Calvinistas
Vamos abordar o lado negativo desta declaração de posição: “Não somos calvinistas nem arminianos”. O próprio livro descreve muitas razões pelas quais não somos calvinistas, mas três delas merecem ser repetidas à luz de nossas próprias prioridades. Em primeiro lugar, não cremos que o calvinismo dortiano represente adequadamente o evangelho de Jesus Cristo em sua simplicidade e profundidade, de acordo com a Bíblia. Ficamos desconfortáveis com o calvinismo dortiano porque cremos que sua estrutura rígida é imposta às Escrituras e que ele não permite que as Escrituras formem a teologia. Como o filósofo Steve Lemke questionou aceca da crença calvinista na graça irresistível: “As Escrituras estão sendo moldadas para fazê-las concordar com o sistema teológico de alguém, ou o sistema teológico de alguém está sendo moldado de acordo com as Escrituras?” (p. 127). Malcolm Yarnell estava igualmente preocupado com o fato de que as abordagens metodológicas das Escrituras feitas por um teólogo reformado exemplar “refletem um racionalismo completo que é anterior e formativo para seu tratamento das Escrituras” (The Formation of Christian Doctrine [A Formação da Doutrina Cristã], p. 50).
Em segundo lugar, não somos calvinistas porque não cremos que certas doutrinas calvinistas possam ser encontradas por uma leitura canônica das Escrituras direcionada pelo evangelho. É por isso que os autores de Quem Quiser referem-se repetidamente ao sentido claro das passagens bíblicas de acordo com o contexto gramatical e histórico. A partir da abordagem expositiva detalhada de João 3:16 por Jerry Vines (Quem Quiser, cap. 1), da leitura contextual do sentido comum de Efésios 2:1ss por Paige Patterson (cap. 2), da abordagem canônica para definir a linguagem bíblica utilizada tanto por David Allen (pp. 78-83) quanto por Steve Lemke (pp. 117-29), os autores demonstram repetidamente um retorno necessário às Escrituras. As Escrituras são suficientes para a substância e a estrutura de nossa pregação, e embora procuremos nos dirigir àqueles que vivem em contextos culturais contemporâneos, convidamos nossos ouvintes a começar ouvindo a Bíblia em seu próprio contexto e terminar com a submissão pessoal contemporânea a essa Palavra. Como resultado, a maioria de nós está convencida, contrária ao calvinismo dortiano, que as Escrituras não ensinam que o homem é totalmente incapaz de responder ao chamado de Deus para crer, ou que a graça violenta a vontade humana, ou que a morte de Jesus Cristo deixou de propiciar em favor dos pecados de “todo o mundo” (1Jo. 2:2).
Em terceiro lugar, não somos calvinistas porque estamos genuinamente preocupados com o impacto do calvinismo dortiano sobre o evangelismo. Como David Allen afirmou: “Os cristãos devem evangelizar porque Deus deseja que todos os homens sejam salvos e fez expiação por todos os homens, removendo assim as barreiras da lei que tornam necessárias sua condenação” (p. 97). Como Deus poderia oferecer salvação a todas as pessoas com integridade se Jesus não morresse por todos (2Co. 5:20)? Uma vez que a doutrina calvinista da expiação limitada ou particular “fornece um encorajamento insuficiente para o evangelismo ao minar a oferta bem-intencionada do evangelho” por parte de Deus a todos os homens, bem como da nossa parte para com todos os homens, os Batistas do Sul deveriam rejeitar o calvinismo de cinco pontos (p. 107). Condenamos os esforços dos mestres calvinistas em favor da expiação limitada que argumentam que o chamado evangelístico ao altar é antibíblico ou que de alguma forma representa uma tentativa por parte daqueles que fazem chamados ao altar de “manipular a soberania de Deus” (p. 101). Somos encorajados a oferecer o evangelho a todos e a convidar todos a responder, ainda que de forma pública, porque Cristo morreu por todos.
Além disso, como argumentou o pregador evangelístico Jerry Vines, a crise por trás da nossa compreensão de ofertar a Cristo par “Quem Quiser” se resume ao tipo de Deus que adoramos: “É o desígnio do Deus soberano fazer com que a salvação de todas as pessoas seja possível e assegurar a salvação de todos os que creem. Que tipo de Deus não tornaria a salvação possível para todos?” (p. 25). Não fazemos tais perguntas para ganhar pontos retóricos contra nossos irmãos batistas calvinistas, mas porque cremos que o Deus revelado nas Escrituras é um Deus que ama todos os homens, deseja sua salvação e tornou a salvação possível para todos pela morte de Cristo por todos.
Dizemos essas coisas porque percebemos a graça quando ouvimos o evangelho ser verbal e entusiasmadamente oferecido gratuitamente a todos os homens através do arrependimento pessoal para com Deus e da fé em Cristo. Juntamente com o primeiro pastor Batista na Inglaterra, cremos que Cristo morreu por todos os homens. Esta é uma “doutrina confortável”, porque “cada pobre alma pode saber que há salvação para ele por meio de Cristo e que Cristo derramou Seu sangue por ele, para que, crendo Nele, ele possa ser salvo, e que Deus não deseja a morte dele, mas quer que ele se arrependa e viva” (Thomas Helwys, A Short and Plain Proof by the Word, 1611). Esta é a nossa paixão: que todo pecador, sem restrição, possa ouvir o evangelho de Jesus Cristo, crer Nele e ser salvo! No que diz respeito a este Deus, que ama todas as pessoas, podemos concordar com Roger Olson, que afirma que os arminianos “estão apaixonados pela bondade de Deus e não estão dispostos a sacrificá-la no altar do determinismo divino”.
Nem Arminianos
E, no entanto, também não estamos felizes em receber o nome de “arminianos”. Embora respeitemos a erudição e a paixão do Professor Olson pelo amor de Deus, discordamos da sua avaliação de onde nos posicionamos. Nosso entendimento a partir dos cinco artigos arminianos de 1610 é que os arminianos clássicos não têm certeza se os cristãos podem perder a sua salvação. Como afirma o quinto artigo dos Remonstrantes, eles não chegaram a uma conclusão sobre a perseverança dos santos “cum plerophoria animi nostri”, com total segurança em suas mentes (Philip Schaff, The Creeds of Christendom [Credos da Cristandade], vol. III, p. 549). Por outro lado, ao contrário dos arminianos clássicos, temos absoluta certeza de que as Escrituras ensinam que um cristão nascido de novo será salvo. É por isso que a nossa Fé e Mensagem Batista afirma, sem equívocos: “Todos os verdadeiros crentes perseveram até o fim”. Aqueles a quem Deus aceitou em Cristo e santificou pelo Seu Espírito, nunca cairão do estado de graça, mas perseverarão até o fim” (art. V, “O Propósito da Graça de Deus”). Alguns têm se referido aos Batistas do Sul como calvinistas moderados, porque a nossa confissão afirma claramente este ponto abordado pelos principais homens nessa disputa entre calvinistas e arminianos. Nas nossas igrejas, esta crença é mais popularmente identificada como “uma vez salvo, sempre salvo”. Neste ponto, os Batistas do Sul confessionais nunca podem ser considerados arminianos, e nós somos de fato Batistas do Sul confessionais.
Poderíamos também levantar outras preocupações sobre o arminianismo. Entre essas estariam as preocupações sobre a tendência de alguns arminianos de cair na armadilha do Teísmo Aberto, uma doutrina com a qual estamos em total desacordo. Em resposta, gostaríamos de salientar que, de acordo com o Fé e Mensagem Batista, “Deus é Todo-Poderoso e Onisciente; e Seu conhecimento perfeito se estende a todas as coisas, passadas, presentes e futuras, incluindo as decisões futuras de Suas criaturas livres” (art. II, “Deus”). O espectro do Teísmo Aberto surge quando começamos a especular com relação à doutrina do livre-arbítrio humano e passamos a opor estridentemente o livre-arbítrio humano à soberania divina. Ken Keathley (Salvation and Sovereignty: A Molinist Approach [Salvação e Soberania: uma abordagem molinista]) e Jeremy Evans (Quem Quiser, cap. 10) forneceram algumas razões teológicas claras sobre o rumo que podemos seguir em relação a essas questões.
Como Batistas evangelísticos e com mentalidade missionária, ficamos desconfortáveis em ir muito além da revelação bíblica e entrar em modelos teológicos especulativos. Jerry Vines referiu-se ao “biblicismo simples” no seu sermão e isto descreve onde temos dificuldades adicionais. Os arminianos e os calvinistas muitas vezes parecem estar envolvidos em uma dura discussão interna que começa com alguns textos bíblicos e depois transita muito rapidamente para a especulação teológica. É nesta propensão de ir além do texto bíblico que vemos surgir os problemas tanto do hipercalvinismo quanto do teísmo aberto. Em vez destes esforços, preferimos deixar de lado as especulações teológicas que distraem e concentrar-nos em ensinar o evangelho de forma clara e convincente aos nossos estudantes e igrejas, modelando e encorajando o desenvolvimento de vidas pessoais e profissionais que mantêm a proclamação do evangelho no centro dos nossos esforços e dos deles.
Além disso, por favor, note que vemos muitas coisas para apreciar no calvinismo, coisas importantes que nos mantêm em comunhão com os nossos irmãos Batistas calvinistas. Como Paige Patterson apontou há vários anos, há seis razões pelas quais os Batistas não-calvinistas têm comunhão com os Batistas calvinistas. Nós as reproduzimos aqui para seu benefício, com a ressalva de que ainda mais coisas que mantêm os Batistas calvinistas e não-calvinistas juntos poderiam ser listadas:
Os calvinistas, disse Patterson, “normalmente levam vidas muito piedosas”; creem que a teologia é importante; geralmente são “muito claros sobre os perigos envolvidos no movimento carismático”; “compreendem que o propósito de tudo é glorificar a Deus”; “nunca questionam a inerrância das Escrituras ou a expiação substitutiva de Cristo”; e “são absolutamente claros sobre o fato de que a salvação é somente pela graça” (Baptist Press, 13 de junho de 2006).
Portanto, as nossas afirmações de que não somos nem totalmente calvinistas nem totalmente arminianos são profundamente arraigadas e não surgem por razões políticas, mas resultam de convicções teológicas genuínas que têm ramificações eclesiológicas.
Mas, Batistas!
Neste ponto, gostaríamos de afirmar mais claramente quem somos a partir de uma perspectiva positiva. Por favor, note que ao fazermos essas afirmações não estamos dizendo que os batistas calvinistas e os batistas arminianos não estejam verdadeiramente procurando ser batistas. Certamente cremos que os batistas podem ser calvinistas e podem ser arminianos, mas preferimos não nos deixar definir por nenhuma dessas grandes posições, porque vemos algo ainda maior, algo que merece mais atenção e requer uma lealdade maior. Da mesma forma, teólogos abertos ao Molinismo, como Bruce Little e Ken Keathley, fazem o seu trabalho com um firme compromisso com as convicções evangélicas batistas. O que estamos dizendo é que a nossa própria paixão pela Palavra de Deus, por Cristo e pela Sua Grande Comissão necessariamente coloca de lado todo desejo de resolver o longo e aparentemente intratável debate calvinista-arminiano. Reconhecemos que este é um debate que continuará a ser realizado e que deverá ser realizado em determinados locais limitados. No entanto, o debate em si é superado pela nossa necessidade de glorificar o Senhor Jesus Cristo, de proclamar as Escrituras e de obedecer à Sua Grande Comissão. Além disso, cremos que nossa posição é a posição dominante dos Batistas do Sul, como Richard Land disse em seu capítulo, “a Tradição Batista Separada, de Sandy Creek, tem sido a melodia para os Batistas do Sul, com Charleston e outras tradições proporcionando harmonia” (p. 50). Aqui estão os nossos pensamentos sobre estas prioridades majoritárias, mutuamente reforçadas e entrelaçadas:
1. O Senhorio de Jesus Cristo
Cremos que Jesus Cristo é Senhor. A salvação consiste nesta afirmação fundamental e profunda de coração e boca. Crer e dizer que Jesus é Senhor é afirmar que Deus em Cristo assumiu sobre Ele mesmo a natureza humana. A verdadeira fé é impossível sem a obra do Espírito de Deus com a Palavra de Deus. Nascido de uma virgem, o Verbo se fez carne. Jesus Cristo nos ensinou e operou grandes milagres, e depois morreu na cruz para expiar os pecados de toda a humanidade. Ele então ressuscitou dos mortos no terceiro dia, ascendeu à direita do Pai e um dia retornará para julgar os vivos e os mortos. Como nosso Senhor, Ele nos salva agora através da fé Nele. Como nosso Senhor, Ele tem o direito de nos comandar e nós temos a responsabilidade de obedecê-lo inteiramente e de acordo com Sua ordem. Como nosso Senhor, Ele nos preserva enquanto carregamos a cruz que Ele nos deu neste mundo. Como nosso Senhor, ele reina sobre nós ainda através da própria morte e nos leva vitoriosamente à vida eterna com Ele. Chegamos a Deus Pai através de Deus Filho em Deus Espírito Santo. Jesus é senhor!
2. Proclamação Bíblica
Cremos que o Espírito Santo inspirou a Bíblia, incluindo cada palavra de todo o cânon do Velho e do Novo Testamento. Como resultado da inspiração divina, a Bíblia é a Palavra de Deus e é isenta de erros e suficiente para todos os aspectos da vida cristã, desde a regeneração até à proclamação. A Palavra de Deus é viva e eficaz e operará tudo aquilo para o qual o Senhor a enviou. À medida que um pregador proclama a Palavra de Deus, o Espírito abre os ouvidos do ouvinte para ouvir e perceber a Palavra. O pregador da Palavra foi escolhido como um instrumento necessário por Deus para proclamar a Sua Palavra e essa Palavra não pode ser separada das Escrituras; portanto, a poderosa tarefa do ministro cristão é proclamar a Bíblia em sua profundidade e plenitude. Como resultado destas verdades, cremos que a pregação expositiva da Bíblia é o meio que Deus revelou para trazer a salvação aos novos crentes e o crescimento e conforto de todos os cristãos.
3. A Grande Comissão
Cremos que a Grande Comissão é o mandamento de Jesus Cristo. Sendo a ordem final e abrangente do Senhor aos Seus discípulos, a Grande Comissão deve ser ouvida e obedecida com a mais grave seriedade. A Grande Comissão concentra-se principalmente em fazer discípulos e inclui também ir às nações, batizar novos crentes e ensinar-lhes tudo o que Cristo ordenou. Toda a vida do cristão e todo o esforço da igreja devem estar submetidos à obediência a esta comissão. Isto implica o esforço para evangelizar todos que ouvimos, levando a nossa voz a todos, em todos os lugares, e em todos os momentos. Isto implica seguir a ordem de Sua comissão de batizar pessoas somente depois que ele ou ela se tornar verdadeiramente um discípulo de Jesus Cristo. Isto implica batizar uma pessoa em nome do único Deus que é o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Isto implica ensinar todos os mandamentos de Cristo, o que significa ensinar toda a Escritura. A Grande Comissão não estará concluída até que todas as nações tenham sido alcançadas e todas as pessoas tenham sido confrontadas com o chamado para seguir Jesus, até que Ele volte novamente. Os Batistas veem o enigma da soberania divina e da responsabilidade humana através das lentes da Grande Comissão. À medida que lutamos para apreender a afirmação simultânea de ambas as verdades na Bíblia, quer nos inclinemos para o calvinismo ou para o arminianismo ou para nenhum deles, fazemos isso de forma a promover sempre a grande obra de evangelismo e missões.
Com estas três afirmações Batistas positivas em mente, pedimos que as pessoas não nos identifiquem nem como calvinistas nem como arminianos, mas como Batistas. Sabemos que isto pode não proporcionar uma certa satisfação intelectual para resolver enigmas teológicos, mas realmente pensamos que há uma questão maior do que: “Como conciliar a soberania divina com a liberdade humana?”. Não há pergunta maior para o cristão responder neste ponto do plano de Deus para a Sua criação, e isso tem a ver com a Sua redenção da criação. Essa questão é: “Como nós, Seus instrumentos escolhidos, vamos obedecer ao nosso Senhor e proclamar as boas novas da Sua Palavra – o evangelho da Sua morte pelos pecados do mundo e da Sua ressurreição por nossa causa – a todos, em todos os lugares e em todo o tempo, até que Ele venha?” Esta pergunta nos define. É por isso que queremos ser conhecidos simplesmente como “Batistas”.
David L. Allen
Deão da Escola de Teologia e Diretor do Centro de Pregação Expositiva do
Seminário Teológico Batista do Sudoeste
Forte Worth, Texas
Ken Keathley
Vice-presidente sênior de administração acadêmica e deão da Faculdade do
Seminário Teológico Batista do Sudeste
Wake Forest, Carolina do Norte
Ricardo Terra
Presidente da
Comissão de Ética e Liberdade Religiosa
da Convenção Batista do Sul
Nashville, Tennessee
Steve Lemke
Deão e Professor de Filosofia e Ética do
Seminário Teológico Batista de Nova Orleans
Nova Orleans, Luisiana
Paige Paterson
Presidente do
Seminário Teológico Batista do Sudoeste
Fort Worth, Texas
Jerry Vines
Presidente
Ministério Jerry Vines
Atlanta, Geórgia
Malcolm B. Yarnell III
Diretor do Centro de Pesquisas Teológicas e Professor Assistente de Teologia Sistemática do
Seminário Teológico Batista do Sudoeste
Fort Worth, Texas
Fonte: <https://www.nobts.edu/baptist-center-theology/journals/spring-2010.html>
Traduzido em Português por Ícaro Alencar de Oliveira. Rio Branco, Acre, Brasil: 20 de maio de 2024.






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