Introdução

Neste artigo, apenas me limitarei a comentar sobre toda a (única) base argumentacional do debatedor favorável ao batismo infantil, o qual debatedor admitiu que o batismo de crianinhas não se encontra explicitamente na Bíblia, mas crê que ele é dedutível a partir da tipologia entre circuncisão e batismo.

Dito em termos simples, na visão dele, como a circuncisão tipifica o batismo e as crianças eram circuncidadas ao oitavo dia, segue-se necessariamente que os bebês devem ser batizados também. Essa lógica aparenta fazer algum sentido, e até certo ponto pode complicar a contra-argumentação de alguém que seja menos instruído, mas não resiste a um exame crítico do argumento. Mesmo trabalhando em cima da premissa dele de que a circuncisão era uma tipologia do futuro batismo, devemos destacar que:

▪︎ Apenas as crianças do sexo masculino eram batizadas, as mulheres nunca passavam por qualquer tipo de circuncisão. Se a tipologia entre circuncisão e batismo for levada aos extremos que o debatedor se utiliza, então obviamente apenas os bebês do sexo masculino deveriam ser batizados, negando assim o batismo às mulheres, o que seria um absurdo.

▪︎ A circuncisão não podia ser praticada em “qualquer dia”, mas repetidamente era reiterado que tinha que ser sempre no oitavo dia de vida da criança (Lv 12:3). A coisa era tão séria e rigorosa sobre isso que até mesmo quando o dia da circuncisão caía em um Sábado ela tinha que ser efetuada neste dia, mesmo sendo considerado um “trabalho” que teoricamente não poderia se fazer no Sábado (Jo 7:22,23). Assim, deveríamos esperar o mesmo rigor em fazer com que o batismo fosse efetuado sempre ao oitavo dia da criança, mas essa regra não existe nas igrejas que batizam recém-nascidos.

▪︎ A circuncisão não era praticada por todas as nações, mas pelos israelitas, já o batismo é efetuado em judeus e em não-judeus indistintamente.

PORTANTO, A QUESTÃO NÃO É TÃO SIMPLES COMO ALEGAR QUE:

a) a circuncisão tipifica o batismo;
b) crianças eram circuncidadas; então:
c) crianças devem ser batizadas.

▪︎ Por essa mesma lógica, as mulheres não poderiam ser batizadas, nem os não-judeus e todos os que fossem batizados deveriam ser especificamente no oitavo dia, nem antes nem depois. A verdade é que o batismo cristão possui um elemento importante que não pode ser ignorado e que o distingue essencialmente da circuncisão, que é a necessidade do arrependimento.

Ninguém precisava se arrepender para ser circuncidado, bastava que fosse hebreu e do sexo masculino. O batismo, porém, apresenta esse pré-requisito básico, razão pela qual o batismo é chamado repetidas vezes de “batismo de arrependimento” cf. (Lc 3:3; At 13:24; Mc 1:4), mas a circuncisão nunca é chamada de “circuncisão de arrependimento”. Isso implica que o arrependimento é necessário para o batismo na Nova Aliança, ainda que não fosse necessário para a circuncisão no Antigo Pacto. Na Nova Aliança, é preciso primeiro crer, e somente depois ser batizado cf. (At 8:36-38; At 18:8; Mc 16:16), já na circuncisão não havia qualquer necessidade de crer para depois ser circuncidado. Esse elemento novo, chamado arrependimento, não apenas distingue o batismo da circuncisão, mas também lhe confere pré-requisitos distintos dela.

▪︎ Enquanto os pré-requisitos da circuncisão era de ser judeu do sexo masculino e de se circuncidar ao oitavo dia, os pré-requisitos do batismo é crer em Cristo e arrepender-se dos seus pecados. É por isso que o batismo só seria conferido ao etíope se ele cresse (i.e, condicional a crer – At.8:36-38), é por isso que somente aqueles que criam eram batizados cf. (At 8:36-38; At 18:8; Mc 16:16), é por isso que antes de se batizar confessavam-se os pecados (Mt 3:6), é por isso que apenas “HOMENS E MULHERES foram batizados” (At 8:12) e não crianças [as palavras “homens” e “mulheres” implicam que eram já bem crescidos, exclui menininhos e menininhas], é por isso que o batismo é chamado de ‘BATISMO DE ARREPENDIMENTO’ (Lc 3:3; At 13:24; Mc 1:4), e por isso que o próprio Jesus somente se batizou quando adulto, e não quando recém-nascido (Mt 3:13). Indiscutivelmente, o batismo cristão possui pré-requisitos básicos diferentes da circuncisão.

Alguém poderia alegar que isso seria “injustiça” com os bebês, mas o mesmo poderia ser dito sobre os pré-requisitos da circuncisão: alguém poderia fazer o mesmo e alegar que isso é “injusto” para com as mulheres. E isso muda alguma coisa? É claro que não. Da mesma forma que Deus aceitava as mulheres no AT mesmo sem serem circuncidadas, Ele aceita as crianças no NT, mesmo sem serem batizadas. É tudo questão de lógica e bom senso. Foi por isso que Jesus aceitou as criancinhas que vieram a Ele (Mt 19:14), mas jamais mandou batizar alguma criança. Aliás, em lugar nenhum das Escrituras aparece alguma criança sendo batizada, razão pela qual eles se veem forçados a lançarem mão do ambicioso porém pouco útil “argumento da circuncisão”, sustentando em cima de premissas fracas e superficiais aquilo que constitui toda a base argumentativa deles.

(Lucas Banzoli)

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REFLEXÃO

O QUE DIZ A BÍBLIA SOBRE O BATISMO DE BEBÊS

A Bíblia não diz nada sobre o batismo de bebês. Não há nenhum lugar na Bíblia que diz que um bebê foi batizado. As pessoas que foram batizadas na Bíblia sabiam o que estavam fazendo e tomaram essa decisão de forma consciente. Ninguém foi batizado sem seu consentimento.

O BATISMO SALVA?

NÃO, o batismo em si não salva. Só a fé em Jesus pode salvar cf. (Romanos 10:9-10). O batismo é simbólico, representando nossa morte para o pecado e ressurreição para a vida eterna, pelo sacrifício de Jesus.

Se uma pessoa se converte e morre antes de ser batizada, essa pessoa está salva. Isso aconteceu com o ladrão que morreu ao lado de Jesus. Do mesmo modo, se uma pessoa é batizada, mas não aceitou Jesus como seu salvador, não está salva. O batismo não tem sentido sem haver conversão primeiro.

BATIZAR BEBÊS É PECADO?

NÃO, batizar um bebê não é pecado, mas é uma interpretação errada. Deus não vai castigar quem acredita que isso é certo, porque Ele entende os motivos das pessoas. Mas batizar um bebê é perder algum do sentido original do batismo, como símbolo da conversão.

Claro que é bom dedicar a criança a Deus, integrá-la na família da igreja e fazer o compromisso de ensiná-la NO caminhos de Deus. Mas isso não precisa de um batismo. O batismo deveria ser reservado para quando a pessoa já tiver tomado a sua decisão.

▪︎ Batizar seu bebê não vai salvá-lo. Deus não vai lançar no inferno quem é muito novo para entender sobre o pecado e a salvação. O Reino dos Céus pertence a quem é como uma criança: humilde e inocente para o mal (Mateus 18:3-4).

O BATISMO SUBSTITUI A CIRCUNCISÃO?

DEPENDE Sim, porque a circuncisão acontecia depois do nascimento e representava a pertença ao povo judeu. O batismo acontece depois do novo nascimento espiritual (conversão) e representa a pertença à família de Deus. NÃO,porque o novo nascimento acontece com uma decisão pessoal, que um bebê não tem capacidade para fazer.

AS FAMÍLIAS BATIZADAS NA BÍBLIA INCLUÍAM BEBÊS?

A Bíblia não diz se incluíam bebês ou não. Mas é importante ler o contexto. Todos que foram batizados ouviram sobre Jesus e se converteram primeiro. Veja alguns exemplos: cf. (Atos dos Apóstolos 2:40-41; Atos dos Apóstolos 10:44-48; Atos dos Apóstolos 16:32-34)

▪︎ “E que desde a tua meninice sabes as sagradas Escrituras, que podem fazer-te sábio para a salvação, pela fé que há em Cristo Jesus.” (II Timóteo 3:15 ACF)

Em alguns casos, até crianças pequenas podem entender a mensagem da salvação e responder sinceramente ao chamado. Mas um bebê pequeno que não entende nem fala não consegue fazer isso. O batismo na Bíblia é sempre para quem entende.

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PERGUNTAS

Pergunta: O que a Bíblia diz sobre o batismo de Crianças? É correto batizar crianças?

Resposta: NÃO, não é correto batizar crianças. Não há sequer um versículo ou passagem bíblica que narre ou ensine sobre o batismo de crianças. Quando trouxeram algumas crianças a Jesus (Mateus 19.13-16) Jesus somente as abençoou, e não determinou que fossem batizadas.

Pergunta: Tem igrejas que ensinam que as crianças devem ser levadas à Igreja para serem batizadas o mais cedo possível, afirmando que se os pais por negligência deixarem as crianças morrer sem batismo, pecam gravemente, porque privam a criança da vida eterna? É certo esse ensino à luz da Bíblia?

Resposta: NÃO, não é correto. Se o batismo de crianças fosse bíblico, por que então há necessidade de confirmação (protestantes) e da crisma (católicos)? Sabemos que a confirmação, ou profissão de fé protestante, e o crisma católico, nunca foram mencionados na Bíblia.

Pergunta: A Igreja católica ensina que o batismo apaga o pecado original e também atual se houver. Há base bíblica para tal ensino, pois segundo sabemos tem alguns evangélicos que também concordam com esse ensino?

Resposta: O batismo não apaga pecados, pois a Bíblia diz: “O sangue de Jesus nos purifica de todo o pecado” (IJoão 1.7). As crianças em sua inocência são salvas, pois das tais é o reino de Deus cf. (Mateus 18.3).

Pergunta: Em que idade deve ser ministrado o batismo?

Resposta: O batismo só deve ser ministrado àqueles que CRÊEM (Mateus 3.7-9; Marcos 16.16; Atos 8.36-38 e 10.47). A pessoa deve ser batizada nas águas quando adulta, após a regeneração, e é um privilégio ser batizado da mesma forma que Jesus.

Pergunta: Há igrejas que batizam derramando água sobre a cabeça do batizando. É correto o batismo por aspersão?

Resposta: O batismo bíblico é por imersão, pois a palavra grega baptizo significa literalmente imersão, portanto batizar é mergulhar ou imergir. Jesus disse aos discípulos que eles deveriam ensinar todas as coisas que ele havia ordenado (Mateus 28.20) e se Jesus NÃO ensinou o batismo infantil, não há o que se discutir.

Pergunta: Uma última pergunta: o batismo é um sacramento?

Resposta: Em primeiro lugar, a palavra sacramento significa um ato exterior que outorga uma graça interior. Batismo não é sacramento, mas sim um ato simbólico da conversão ou regeneração. A salvação vem pela fé (João 3.16; Atos 16.31; Romanos 6.3-4; Colossenses 3.3). O batismo não muda a natureza pecaminosa do homem. Quem regenera é o ESPÍRITO SANTO, quando a pessoa se arrepende dos pecados e aceita a Cristo como Salvador e Senhor (Tito 3.5-7; IPedro 1.18-19).

(Natanael Rinaldi)

BATISMO INFANTIL: UMA PRÁTICA BÍBLICA?

Os defensores do batismo infantil tentam de muitas formas provarem que essa prática é fundamentada pela Bíblia; e uma dessas formas é o vocábulo τέκνοις (gr. teknois) contido em Atos 2:39, pois para os defensores desse batismo, o simples fato desse vocábulo TAMBÉM significar crianças, já é uma prova que recém-nascidos devem ser batizados. Todavia, quando fazemos uma exegese minuciosa sobre esse vocábulo e o seus significados em outros textos, logo percebemos que esse argumento não serve como base doutrinária. Vejamos:

1°. Quando examinamos (Atos 13:33), podemos perceber que Paulo está explicando que a promessa do Messias havia sido feita primeiramente aos pais dele e dos que estavam presente; e que essa promessa havia se cumprido na época atual em que ele falava. Observem que ele diz que a promessa se cumpriu aos FILHOS (τέκνοις), se referindo a ele e aos demais judeus. Ora, se (τέκνοις) deve ser entendido com crianças, eu pergunto: Paulo era um recém-nascido?

ὅτι ταύτην ὁ θεὸς ἐκπεπλήρωκεν τοῖς➜ τέκνοις αὐτῶν ἡμῖν ἀναστήσας Ἰησοῦν ὡς καὶ ἐν τῷ ψαλμῷ γέγραπται τῷ δευτέρῳ• υἱός μου εἶ σύ, ἐγὼ σήμερον γεγέννηκά σε. (At 13:33)

2°. Outro texto que corrobora com o primeiro exemplo é o texto de 2Co 6:13. Nessa passagem Paulo está se dirigindo a uma igreja que ele já havia pastoreado e onde houve muitos batizados naquela localidade, e ele chama os membros daquela igreja de FILHOS (τέκνοις), ou seja, seriam esses recém-nascidos?

τὴν δὲ αὐτὴν ἀντιμισθίαν, ὡς➜ τέκνοις λέγω, πλατύνθητε καὶ ὑμεῖς.
(2Co 6:13 BNT)

3°. O Apóstolo João quando escreveu sua segunda epístola a senhora eleita, se referindo a igreja, ele também dedica aos FILHOS (τέκνοις); e aí, João estaria se referindo a igreja como um todos ou a recém-nascidos?

Ὁ πρεσβύτερος ἐκλεκτῇ κυρίᾳ καὶ τοῖς➜ τέκνοις αὐτῆς, οὓς ἐγὼ ἀγαπῶ ἐν ἀληθείᾳ, καὶ οὐκ ἐγὼ μόνος ἀλλὰ καὶ πάντες οἱ ἐγνωκότες τὴν ἀλήθειαν, (2Jo 1:1 BNT)

Como vimos, esse vocábulo é polissêmico, e quando aplicado em At 2:39 ele indica uma descendência, não que esses descendentes eram recém-nascidos; por isso ele deve ser aplicado dentro de um contexto, e não usá-lo para uma só forma para apoiar aquilo que eu creio, pois o batismo é uma decisão e não uma obra aplicada sem o consentimento do batizando. Como uma vez disse um pensador: Primeiro a verdade, depois a nossa opinião quanto a ela. Paz!

(Itard Victor)

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Conclusão

O BATISMO NA TEOLOGIA CATÓLICA

O argumento católico de que o batismo é necessário para a salvação é muito semelhante ao dos opositores de Paulo na Galácia que afirmavam que a circuncisão era necessária para salvação. A resposta de Paulo é que os que exigem a circuncisão estão pregando um outro evangelho (Gl 1:6). Ele diz que «todos os que confiam nas obras da lei estão sob maldição (Gl 3.10) e fala com muita severidade aos que procuram acrescentar qualquer forma de obediência como exigência para a justificação (Gl 5.4). Portanto precisamos concluir que nenhuma obra é necessária para a salvação. E, portanto, o batismo não é necessário para a salvação.

▪︎ Mas o que dizer de João 3.5? O versículo diz: “Se alguém não nascer da água e do Espírito não pode entrar no reino de Deus”. Embora alguns entendam que essa é uma referência ao batismo, é melhor entender o texto com base no ambiente da promessa da nova aliança em Ezequiel 36:25,27.

▪︎ “Então aspergirei água pura sobre vós, e ficareis purificados; de todas as vossas imundícias, e de todos os vossos ídolos, vos purificarei. Também vos darei um coração novo, e porei dentro de vós um espírito novo; e tirarei da vossa carne o coração de pedra, e vos darei um coração de carne. Ainda porei dentro de vós o meu Espírito, e farei que andeis nos meus estatutos, e guardeis as minhas ordenanças, e as observeis.”

▪︎ Ezequiel fala aqui de um lavar “espiritual” que acontecerá nos dias da nova aliança, quando Deus colocar seu Espírito em seu povo. Á luz disso, nascer da água e do Espírito é um lavar espiritual tal quando ocorre quando nascemos de novo, assim como também quando recebemos um coração” espiritual, e não físico.

▪︎ De modo semelhante (Tito 3.5) não especifica batismo de água mas “o lavar regenerador declarando explicitamente que se trata da doação espiritual de uma nova vida. O batismo nas águas simplesmente não é mencionado nessa passagem. Um lavar espiritual e não literal esta em vista em (Efésios 5.26), onde Paulo afirma que Cristo entregou-se a si mesmo pela igreja «para que a santificasse, tendo-a purificado por meio da palavra”. É a Palavra de Deus que efetua o lavar aqui, não a água. Quanto a posição da igreja católica de que o batismo confere graça separadamente da posição subjetiva do batizado ou do ministro (posição coerente com as crianças batizadas que não exercem fé por si mesmas), precisamos reconhecer que não existe nenhum exemplo no Novo Testamento que comprove esse ponto de vista, nem há nenhum testemunho neotestamentario que indique isso. Pelo contrário, as narrativas que falam dos que foram batizados indicam que eles primeiro chegaram à fé salvadora. E quando há declarações doutrinárias sobre o batismo, essas também indicam a necessidade de fé salvadora para o batismo. Quando Paulo afirma «tendo sido sepultados, juntamente no qual fostes ressuscitados”, imediatamente ele especifica mediante a fé no poder de Deus que o ressuscitou dentre os mortos» (Cl 2.12).

▪︎ Finalmente que dizer de lPedro 3.21, onde Pedro escreve: “batismo […] agora também voz salvará”? Será que o texto não apóia claramente a posição católica de que o batismo, por si só pode conceder graça salvadora ao batizado? Não, porque ao usar essa frase, Pedro pros­segue no mesmo período para explicar o que ele quer dizer com isso.

Ele afirma que o batismo salva “não sendo a remoção da imundícia da carne” (isto é, não como ato físico, externo, que lava a sujeira do corpo — essa não é a parte que salva), “mas a indagação de uma boa consciência para com Deus” (isto é, Como uma transação espiritual, interna, entre Deus e o individuo, transação simbolizada pela cerimônia externa do batismo). Poderíamos parafrasear a declaração de Pedro, dizendo: «o batismo, agora também vos salva — não a cerimônia física externa do batismo, mas a realidade espiritual interna que o batismo representa». Desse modo, Pedro preserva-se de qualquer posição sobre o batismo que atribuísse poder salvífico automático à. cerimônia física em si.

▪︎ A frase de Pedro «a indagação de uma boa consciência para com Deus e outra maneira de dizer “um pedido de perdão de pecados e um novo coração”. Quando Deus dá a um pecador uma “consciência clara», tal pessoa tem a segurança de que todo pecado foi perdoado e que ela está em um relacionamento correto com Deus Em (Hb 9.14 e 10.22), falam desse modo sobre a purificação da consciência através de Cristo. Ser batizado corretamente é fazer tal “indagação» para com Deus, Na verdade, equivale a dizer: “Por favor, ó Deus, enquanto entro nesse batismo que limpará o meu corpo externamente, peço-te que limpes o meu coração internamente, perdoes os meus pecados e me tornes justo diante de ti”. Entendido dessa forma, o batismo é um símbolo adequado do início da vida cristã.’

▪︎ Assim, (1Pedro 3.21) por certo não ensina que o batismo salva automaticamente ou confere graça ex opere operato. O texto não ensina nem sequer que o ato do batismo em si tem poder salvífico, mas sim que a salvação ocorre através do exercício de fé interior representado pelo batismo (cf. Cl 2.12). De fato, os protestantes que defendem o batismo de convertidos podem bem achar em lPedro 3.21 algum apoio para a sua posição: o batismo, pode ser argumentado, é corretamente ministrado a quem tem suficiente idade para fazer “uma indagação de uma boa consciência para com Deus”.”

▪︎ Concluindo, os ensinos católicos de que o batismo é necessário para a salvação, de que o ato do batismo em si confere graça salvadora e de que o batismo é, portanto, corretamente ministrado a crianças não são convincentes segundo os ensinos do Novo Testamento.

● Segunda alternativa: a posição protestante pedobatista. Em contraste com a posição católica que acaba de ser discutida, outro ponto de vista importante é que o batismo é corretamente ministrado a todas as crianças que sejam filhos de pais cristãos. Essa posição é muito comum em muitas igrejas protestantes (especialmente luteranas, episcopais, meto­distas, presbiterianas e reformadas). Essa posição é às vezes conhecida como o argumento da aliança em favor do pedobatismo. É chamada argumento da “aliança” porque depende de interpretar que os filhos dos cristãos fazem parte da «comunidade da aliança” do povo de Deus. O termo “pedobatismo” significa que o Costume de batizar crianças (o prefixo paido expressa a idéia de “criança” e é derivado da palavra grega pais, “criança”).’” Estarei interagindo principalmente com os argumentos de Louis Berkhof, que explica com clareza e defende bem a posição pedobatista.

● O argumento de que crianças nascidas de cristãos devem ser batizadas depende principalmente destas três colocações:

a) As crianças eram circuncidadas na antiga aliança. No Antigo Testamento. a circuncisão era o sinal externo de ingresso na comunidade da aliança ou na comunidade do povo de Deus. A circuncisão era ministrada a todas as crianças israelitas (do sexo masculino) quando completavam oito dias de vida.

b) O batismo é paralelo à circuncisão. No Novo Testamento, o sinal externo de ingresso na “comunidade da aliança” é o batismo. Portanto, o batismo é o equivalente neotestamentario da circuncisão. Segue-se que o batismo deve ser ministrado a todas as crianças nascidas de pais cristãos. Negar-lhes tal benefício é privá-las de um privilégio e de um benefício que lhes pertence por direito — o sinal de pertencer à comunidade do povo de Deus, a «comunidade da aliança». O paralelo entre a circuncisão e o batismo é visto claramente em Colossenses 2:

Nele, também fostes circuncidados, não por intermédio de mãos, mas no despo­jamento da carne, que é a circuncisão de Cristo, tendo sido sepultados, juntamente com ele, no batismo, no qual igualmente fostes ressuscitados mediante a fé no poder de Deus que o ressuscitou dentre os mortos” (Cl 212).

*Aqui se diz que Paulo faz uma nítida relação entre a circuncisão e o batismo.

c) O batismo de famílias. Outro apoio para a prática do batismo infantil é encon­trado nos “batismos de famílias” relatados em Atos e nas epístolas, particularmente no batismo da casa de Lídia (At 16.15), da família do carcereiro de Filipos (At 16.33) e da casa de Estéfanas (lCo 1.16). Também se alega que (Atos 2.39), que declara que a bênção prometida do evangelho é “para vós outros e para vossos filhos”, serve de base para tal prática.

● EM RESPOSTA A ESSES ARGUMENTOS EM FAVOR DO PEDOBATISMO, AS SEGUINTES CONSIDERAÇÕES PODEM SER FEITAS:

1°) Não há dúvida de que o batismo e a circuncisão são semelhantes em vários aspectos, mas NÃO podemos esquecer que o que simbolizam também é diferente em alguns aspectos importantes. (A antiga aliança tinha um sinal externo, físico, do ingresso na “comunidade da aliança”). Alguém se tornava judeu quando nascia de pais judeus. Portanto todos os judeus do sexo masculino eram circuncidados. A circuncisão não se restringia aos que tinham uma verdadeira vida espiritual interior, mas era feita a todos as que viviam entre o povo de Israel, Deus disse:

▪︎ Todo macho entre vós será circuncidado […] O que tem oito dias será circuncidado entre vós, todo macho nas vossas gerações, tanto o escravo nascido em casa como o comprado a qualquer estrangeiro, que não for da tua estirpe. Com efeito, será circuncidado o nascido em tua casa e o comprado por teu dinheiro; a minha aliança estará na vossa carne e será aliança perpétua (Gn 17.10-13).

▪︎ Não eram apenas os de descendência física do povo de Israel que eram circuncidados, mas também os escravos por eles comprados, que viviam entre eles. A presença ou a ausência de vida espiritual interior não fazia nenhuma diferença para alguém ser circuncidado. Assim «tomou, pois, Abraão a seu filho Ismael, e a todos os nascidos escravos em sua casa, e a todos os comprados por seu dinheiro, todo macho dentre os de sua casa, e lhes circuncidou a carne do prepúcio de cada um, naquele mesmo dia, como Deus lhe ordenara» cf.(Gn 17.23; Js 5.4).

▪︎ Devemos reconhecer que a circuncisão foi dada a cada homem (ou menino) que vivia no meio do povo de Israel embora a verdadeira circuncisão seja algo interior e espiritual:

“Circuncisão é a que é do coração, no espírito, não segundo a letra» (Rm 2.29). Além disso, Paulo declara explicitamente que “nem todos os de Israel são, de fato, israelitas” (Rm 9.6). Todavia, embora houvesse no tempo do Antigo Testamento (e mais plenamente no Novo Testamento) um reconhecimento da realidade espiritual interior que a circun­cisão pretendia representar, não houve nenhuma tentativa de restringir a circuncisão apenas àqueles cujo coração era de fato espiritualmente circuncidado e que tinham genuína fé salvadora. Mesmo entre os homens adultos, a circuncisão era aplicada a todos, não apenas aos que davam prova de fé interior.

2°) No entanto, sob a nova aliança a situação é muito diferente. O NOVO TESTAMENTO não fala de uma “comunidade da aliança” constituída de convertidos e seus filhos, parentes e servos descrentes que estejam vivendo entre eles. (De fato, na discussão do batismo, a frase “comunidade da aliança” usada pelos pedobatistas tende com freqüência a funcionar como um termo genérico e vago que obscurece as diferenças entre o Antigo e o Novo Testamento nessa questão.)

▪︎ Na igreja do Novo Testamento, a única questão que importa é ter FÉ SALVADORA e ser incluído no corpo de Cristo, a verdadeira igreja. A única “comunidade da aliança” discutida é a igreja, a sociedade dos redimidos.

Mas como alguém se torna membro da igreja? O meio de ingresso na igreja é voluntário, espiritual e interior. Alguém tornar-se membro da verdadeira igreja através do novo nascimento e da fé salvadora, e não de um nascimento físico. Isso ocorre não por um ato externo, mas pela fé interior do coração. Com certeza é verdade que o batismo é o sinal de ingresso na igreja, mas isso significa que este deve ser ministrado aos que dão prova de serem membros da igreja, somente os que professam fé em Cristo.

Não devemos ficar surpresos com o fato de ter havido uma mudança do modo de ingressar na comunidade da aliança no Antigo Testamento (nascimento físico) para o modo de ingressar na igreja no Novo Testamento (nascimento espiritual). Há muitas mudanças análogas entre a antiga e a nova aliança também em outros casos. Enquanto os israelitas alimentavam-se do maná físico no deserto, os crentes do Novo Testamento alimentavam-se de Jesus Cristo, o verdadeiro pão que desce do céu (Jo 6.48-51). Os israelitas beberam água que jorrou da rocha no deserto, mas os que crêem em Cristo bebem da água viva da vida eterna que ele dá (Jo 4.10-14). A antiga aliança tinha um templo material ao qual Israel se dirigia para cultuar, mas na nova aliança os cristãos são edificados para serem um templo espiritual (lPe 2.5). Os crentes da antiga aliança ofereciam sacrifícios de animais e de colheitas num altar, mas os do Novo Testamento oferecem “sacrifícios espirituais aceitáveis a Deus por meio de Jesus Cristo»  cf. (1Pe 2.5; Hb 13.15-16). Os crentes da antiga aliança receberam de Deus a terra física de Israel que ele lhes tinha prometido, mas os crentes do Novo Testamento receberam “uma pátria superior, isto é, celestial” (Hb 11.16). Do mesmo modo, na antiga aliança aqueles que eram semente física ou descendentes de Abraão eram membros do povo de Israel, mas no Novo Testamento os que são “semente” ou descendentes espirituais de Abraão pela fé são membros da igreja cf. (Gl 3.29; Rm 4.11-12).

▪︎ Em todos esses contrastes vemos a verdade da distinção que Paulo enfatiza entre a antiga e a nova aliança. Os elementos e as atividades materiais da antiga aliança eram apenas sombra das coisas que haviam de vir”, mas a verdadeira realidade, a “substância”, é encontrada no relacionamento da nova aliança que temos em Cristo (Cl 2.17).

Portanto, é coerente com tal mudança de sistema que os meninos fossem automaticamente circuncidados na antiga aliança, visto que a descendência e a presença físicas deles na comunidade do povo judeu mostrava que eles eram membros daquela comunidade, na qual a fé não era um requisito de ingresso. Todavia, na NOVA ALIANÇA é apropriado que as crianças NÃO sejam batizadas e que o batismo seja ministrado apenas aos que dão prova de FÉ salvadora genuína, porque ser membro da igreja está baseado em uma realidade espiritual interna e não na descendência física.

3°) Os casos de batismo de famílias no Novo Testamento não são realmente decisivos em favor de uma ou de outra posição. Quando olhamos para os casos mais de perto, vemos que em alguns deles há indicações de fé salvadora por parte de todos os batizados. Por exemplo, é verdade que a família do carcereiro de Filipos foi batizada (At 16.33), mas também é verdade que Paulo e Silas «lhe pregaram a palavra de Deus e a todos os de sua casa” (At 16.32). Se a PALAVRA DO SENHOR FOI PREGADA a todos os da casa, há uma pressu­posição de que todos tinham idade suficiente para entender A PALAVRA e crer nela. Além disso, depois que a família foi batizada, lemos que o carcereiro de Filipos, “com todos os seus,demonstrava grande alegria, por terem crido em Deus” (At 16.3 4). Portanto, temos não apenas o batismo da família, mas também a aceitação da Palavra de Deus por parte da família e uma grande alegria na fé em Deus igualmente por parte da família. Esses fatos indicam com muita clareza que toda a família demonstrara FÉ em Cristo individualmente.

▪︎ Com respeito ao fato de que Paulo batizou «a casa de Estéfanas” (lCo 1.16), preci­samos também notar que Paulo diz no final de lCoríntios que “a casa de Estéfanas eram as primícias da Acaia e que se consagraram ao serviço dos santos” (lCo 16.15). Logo, eles não foram apenas batizados; foram também convertidos e tinham trabalhado servindo outros cristãos. Uma vez mais o exemplo de batismo de famílias indica fé de famílias.

Na verdade, há outros exemplos em que o batismo não é mencionado, nos quais vemos testemunho explícito do fato de que uma família inteira demonstrou fé. Depois que Jesus curou o filho de um oficial, lemos que o próprio pai “creu e toda a sua casa” (Jo 4.53). Semelhantemente, quando Paulo pregou em Corinto, «Crispo, o principal da sinagoga, creu no Senhor, com toda a sua casa” (At 18.8).

Isso significa que de todos os exemplos de “batismos de famílias” no Novo Testamen­to, o único que não mostra alguma indicação de fé também da família é Atos 16.14-15, que fala de Lídia: “O Senhor lhe abriu o coração para atender às coisas que Paulo dizia. Depois de ser batizada, ela e toda a sua casa…”. O texto simplesmente não contém informação alguma sobre se havia crianças na casa de Lídia ou não. O texto é ambíguo e não há evidência clara em favor do batismo infantil. A passagem por si só deve ser considerada inconcludente.

▪︎ Com respeito à declaração de Pedro no Pentecostes, “a promessa é para vós outros e para vossos filhos”, devemos observar que a proposição prossegue: “Pois para vós outros é a promessa, para vossos filhos e para todos os que ainda estão longe, isto é, para quantos o Senhor, nosso Deus, chamar (At 2.3 9). Além disso, o mesmo parágrafo especifica não que os filhos de cristãos e de descrentes eram batizados, mas sim que “os que lhe aceitaram a palavra foram batizados, havendo um acréscimo naquele dia de quase três mil pessoas” (At 2.4 1).

4°) Outro argumento que faz objeção à posição pedobatista pode ser apresentado quando fazemos uma simples pergunta: “Que benefício traz o .batismo?” Em outras palavras, podemos perguntar: “Que o batismo de fato efetua?

Os católicos romanos têm uma resposta clara para essa pergunta: o batismo produz regeneração. E os batistas têm também uma resposta clara: o batismo simboliza o fato de que ocorreu regeneração interna.

Os pedobatistas, porém, não podem adotar nenhuma dessas respostas. Eles não querem afirmar que o batismo produz regeneração, nem podem dizer (com respeito às crianças) que simboliza uma regeneração já ocorrida. A única alternativa parece ser dizer que simboliza uma regeneração que ocorrerá no futuro, quando a criança já tiver idade suficiente para exercer fé salvífica. Mas até mesmo isso não resolve inteira­mente a questão, porque não se pode ter certeza de que a criança será regenerada no futuro.

▪︎ Algumas crianças batizadas nunca chegam a fé salvífica mais tarde. Assim, a melhor explicação pedobatista do simbolismo do batismo é que ele simboliza uma provável regeneração/futura. O batismo não produz regeneração, nem simboliza regeneração real; portanto, deve ser entendido como símbolo de uma regeneração provável em algum tempo no futuro.

● Mas nesse ponto parece claro que a compreensão pedobatista do batismo é bem diferente da concepção do Novo Testamento, que nunca vê o batismo como algo que simboliza uma provável regeneração futura. Os autores do Novo Testamento não dizem:

▪︎ “Respondeu, então, Pedro: Pode alguém porventura recusar a água, para que não sejam batizados estes, que também receberam como nós o Espírito Santo?” (Atos 10:47 ACF)

▪︎ Ou ainda: “Todos quantos fostes batizado. em Cristo algum dia de Cristo vos revestireis”  cf. (Gl 3.27), ou também: «Porventura ignorais que todos nós que fomos batizados em Cristo Jesus algum dia provavelmente seremos batizados na sua morte?” (Rm 6.3).

Simplesmente esse não é o modo usado pelo Novo Testamento para falar do batismo. Batismo no Novo Testamento é um sinal do NOVO NASCIMENTO, da purificação do pecado e do início da vida cristã. Parece adequado reservar esse sinal para os que dão prova de que isso é de fato verdadeiro em suas vidas.

▪︎ Outra perspectiva do simbolismo do batismo é apresentada por Michael Green. Ele diz: “O batismo infantil enfatiza a objetividade do evangelho. Aponta para a obra consu­mada do Cristo crucificado e ressurreto, quer respondamos a ela, quer não [Não que venhamos a receber algo dela sem arrependimento e fé. Mas é a firme demonstração de que a nossa salvação não depende de nossa própria fé falível; depende do que Deus fez por nós (p. 76).” Ele prossegue, afirmando: “O batismo infantil afirma a iniciativa de Deus na salvação [Deve ser ele rela­cionado primordialmente à resposta humana ou à iniciativa divina? Esse é ponto central da questão [Para um batista, o batismo dá testemunho primordialmente do que fazemos em resposta à graça de Deus. Para um pedobatista, o batismo dá testemunho primordialmente do que Deus fez para torná-la inteiramente possível” (p. 76-77, ênfase de Green).

TODAVIA VÁRIOS PONTOS PODEM SER OBSERVADOS EM RESPOSTA A GREEN:

a) Sua análise negligencia o fato de que o batismo não somente simboliza a morte e a ressurreição de Cristo, como vimos na análise dos textos do Novo Testamento já apresentada, mas também simboliza a aplicação da redenção a nós, como resultado de nossa resposta de fé. O batismo representa o fato de que fomos unidos com Cristo em sua morte e ressurreição, e o lavar da água simboliza que fomos purificados de nossos pecados. Ao dizer que os pedobatistas enfatizam a iniciativa de Deus e que os batistas enfatizam a resposta humana, Green apresenta ao leitor duas alternativas incorretas como opção, porque o batismo representa os dois aspectos e outros mais. O batismo representa

1) a obra redentora de Cristo,
2) minha resposta de fé (quando venho para ser batizado) e
3) a aplicação de Deus dos benefícios da redenção para a minha vida. O batismo de convertidos representa todos os três aspectos (não apenas a minha fé, como Green dá a entender), mas segundo o ponto de vista de Green o pedobatismo representa apenas o primeiro aspecto. Não é uma questão de qual aspecto é «primordial”; a questão é qual ponto de vista sobre o batismo engloba tudo o que o batismo significa.

b) Quando Green afirma que nossa salvação não depende de nossa fé mas da obra de Deus, a expressão “depende de” é passível de várias interpretações. Se «depende de” significa “em que confiamos”, naturalmente ambas as posições concordariam que confia­mos na obra de Cristo e não em nossa fé. Se “depende de” significa que não faz diferença para a nossa salvação se cremos ou não, nenhuma das posições concordaria: O próprio Green diz na frase anterior que o batismo em nada nos beneficia se não nos arrepen­dermos e crermos, Portanto, se o batismo de alguma forma representa a aplicação da re­denção à vida do cristão, então não é suficiente praticar uma forma de batismo que somente retrate a morte e a ressurreição de Cristo; devemos retratar também nossa resposta em fé e a posterior aplicação de redenção para conosco. Em contraste com isso, do ponto de vista de Green, há um perigo real de retratar uma posição (da qual Green discordaria) de que é possível ter salvação de Deus independente de crer.

5°) Finalmente, os que defendem o batismo de convertidos com freqüência expressam preocupação diante das conseqüências práticas do pedobatismo. Eles argumentam que a prática do pedobatismo na igreja de hoje muitas vezes leva pessoas batizadas na infância a presumir que foram regeneradas, e assim não sentem a urgência da necessidade que têm de virem a ter fé pessoal em Cristo. Em alguns anos, essa tendência provavelmente resultará em número crescente de membros não convertidos na “comunidade da aliança”, os quais não são verdadeiramente membros da igreja de Cristo. Naturalmente, isso não fará de uma igreja pedobatista uma falsa igreja, mas a tornará uma igreja menos pura, que com freqüência estará enfrentando tendências doutrinárias liberais ou outros sinais de incredulidade trazidos para a igreja pelos membros não regenerados.

(Prof° Paulo Cristiano da Silva)

Pense nisso!

DEVEMOS BATIZAR OS BEBÊS?

Por Lucas Banzoli

A Igreja Católica quebra os recordes em termos de dispensar o arrependimento e colocá-lo das portas para fora da Igreja, dispensando-se a sua necessidade. Sabemos que, sem arrependimento, ninguém pode salvar-se (nem sequer dos pecados veniais), mas a Igreja Romana criou o purgatório, onde pessoas não-arrependidas podem facilmente atingir o Céu após passarem por este local de “purificação”. Com isso, dispensa-se a necessidade real do arrependimento na vida do cristão.

Com o batismo eles fazem a mesma coisa. Pregam o batismo de bebês, que não tem consciência para discernirem entre o bem e o mal para poderem se arrepender de seus pecados, e, desta forma, o arrependimento não passa a ser um precedente necessário para o batismo, assim como não é um precedente necessário para a salvação.

● Porém, o que nós vemos é que, biblicamente, o batismo nas águas significa exatamente isso: O ARREPENDIMENTO!

▪︎ “Ele percorreu toda a região próxima ao Jordão, pregando um batismo de arrependimento para o perdão dos pecados” (Lucas 3:3)

▪︎ “Antes da vinda de Jesus, João pregou um batismo de arrependimento para todo o povo de Israel” (Atos 13:24)

▪︎ “Assim surgiu João, batizando no deserto e pregando um batismo de arrependimento para o perdão dos pecados” (Marcos 1:4)

Não é irônico que o significado do batismo nas águas é o arrependimento, sendo que o arrependimento é exatamente aquilo que mais falta no batismo católico, onde os padres batizam bebês que não podem se arrepender? Pois é. Como coerência é o que menos há no catolicismo, eles batizam aqueles que ainda não podem se arrepender, sendo que biblicamente o batismo significa arrependimento e este arrependimento deve preceder o batismo, pois é necessário para que ele se realize. Quando o etíope pediu para ser batizado, Filipe respondeu:

▪︎ “Prosseguindo pela estrada, chegaram a um lugar onde havia água. O eunuco disse: ‘Olhe, aqui há água. Que me impede de ser batizado?’ Disse Filipe: ‘Você pode, SE CRÊ de todo o coração’. O eunuco respondeu: ‘Creio que Jesus Cristo é o Filho de Deus’. Assim, deu ordem para parar a carruagem. Então Filipe e o eunuco desceram à água, e Filipe o batizou” (Atos 8:36-38)

▪︎ O princípio que Filipe expõe é o primeiro que devemos aprender antes de sermos batizados. Há uma condição claramente exposta: “…SE CRÊ DE TODO O CORAÇÃO…”. A condição é de crer, de todo o coração, que Jesus Cristo é o Filho de Deus. Como um recém-nascido ainda não tem condições sequer de saber quem é Jesus, muito menos de crer de todo o coração nEle, então ele não entra dentro da condição necessária exposta para ser batizado.

Ainda, se um bebê que não tem conhecimento de Cristo pudesse ser naturalmente batizado, então seria desnecessário o “crer em Cristo de todo o coração” como condição para o batismo, como Filipe claramente expôs. Quando Lucas, o escritor de Atos, especificou quem foram os batizados, ele fez questão de incluir apenas os “HOMENS E MULHERES ”, deixando de fora as crianças:

▪︎ “No entanto, quando Filipe lhes pregou as boas novas do Reino de Deus e do nome de Jesus Cristo, creram nele, e foram batizados, tanto homens como mulheres” (Atos 8:12)

O fato das crianças não terem sido citadas não foi porque era costume dos escritores bíblicos não as citarem, pois eles claramente as mencionavam como um grupo separado dos “homens e mulheres” quando assim se fazia necessário:

▪︎ “Os que comeram foram cerca de cinco mil homens, sem contar mulheres e crianças” (Mateus 14:21)

Na multiplicação dos pães e peixes, vemos os três grupos presentes: os homens, as mulheres e as crianças. Porém, quando a questão é o batismo, são mencionados somente os ‘HOMENS E MULHERES’ ” (At 8:12), pois a Igreja não tinha o costume de batizar crianças. Até mesmo no caso em que famílias inteiras eram batizadas, é mencionado que eles “criam e eram batizados” (At 18:8).

Ou seja, o batismo nunca está desassociado do fator ‘CRER’. É necessário crer que Cristo Jesus é o Filho do Deus vivo para ser batizado. Portanto, as alegações católicas de que os bebês eram batizados nas passagens bíblicas que mostram que a casa inteira foi batizada carece inteiramente de fundamento. Primeiramente, porque em absolutamente nenhuma delas há qualquer indício de que havia recém-nascidos ou bebês na casa.

▪︎ Existem muitas famílias que não tem bebês, mas que o pai e a mãe convivem com filhos de idade mais avançada, onde já é possível crer em Cristo Jesus. Muitos jovens já têm consciência cristã, se forem bem instruídos na Palavra de Deus. Mas bebês e recém-nascidos, bem como crianças menores que ainda não tem o conhecimento de Cristo, não têm condições de serem batizadas porque não podem ainda crer e arrepender-se de seus pecados.

Sendo assim, não há razão para pensarmos que naquela casa havia bebês, até porque o texto bíblico não diz isso e ainda por cima diz claramente que os que foram batizados primeiramente creram, e, então, receberam o batismo. A CASA é então definida como “aqueles capazes de compreender, ouvir e crer”. Essa é a definição da “família” que foi batizada. Quem crê verdadeiramente em Cristo, podia ser batizado.

Como Isaías nos diz que existe uma fase “antes que o menino saiba rejeitar o mal e escolher o bem” (Is 7:16), fica claro que eles não estão dentro da condição de compreender, ouvir e crer de todo o coração que Jesus Cristo é o Filho de Deus, para serem batizados. Negar que existe uma fase em que a criança ainda não sabe escolher entre o certo e o errado para crer em algo e rejeitar o outro, é explicitamente querer negar o texto de Isaías que declara isso taxativamente.

▪︎ Outra forte evidência contra o batismo infantil vem do fato de que o próprio Jesus não foi batizado quando criança, mas apenas apresentado no templo (Lc 2:22). Se a vontade de Deus fosse que os bebês fossem batizados, Ele certamente teria feito com que em primeiro lugar o próprio Jesus fosse batizado nessa idade, pois nessa vida “devemos andar como ele andou” (1Jo 2:6).

Ele é o nosso exemplo a ser seguido, e se ele quisesse que batizássemos os bebês, ele mesmo teria sido batizado quando recém-nascido. Deus enviou João Batista exatamente para preparar o caminho para o Mestre. E como? Batizando nas águas! Será que Deus se enganou, fazendo com que João Batista preparasse o caminho fora de tempo, já que, segundo os católicos, o batismo era para ser feito quando bebê?

Por que Deus só foi levantar João Batista para batizar já depois que Jesus já era adulto e estava preparando o seu ministério? Se a vontade de Deus é que nós sejamos batizados quando bebês, por que o próprio Jesus não nos deu esse exemplo? Ora, os evangélicos fazem hoje da forma correta como o próprio Jesus fez: nós apresentamos os bebês na Igreja, como Jesus foi apresentado, e os batizamos somente quando estes já alcançaram a fase da maturidade. E os católicos invertem tudo isso.

PORTANTO, SUMARIAMOS QUE:

1°) O arrependimento é um precedente necessário para o batismo, mas os recém-nascidos ainda não podem se arrepender de algo que sequer já praticaram!

2°) O fator ‘CRER’ é outro precedente fundamental, mas os bebês não podem crer que Cristo é o Filho de Deus, nem tampouco sabem a diferença entre Jesus, Buda ou Maomé.

3°) Nos casos bíblicos do batismo, só é relatado homens e mulheres, nunca as crianças. Embora as crianças fossem sempre mencionadas como um grupo à parte em várias outras ocasiões, quando a questão é o batismo elas são sempre deixadas de fora e apenas o grupo dos adultos – homens e mulheres – que é mencionado.

4°) Cristo disse para vir a ele as crianças, mas não disse para batizá-las. Não negamos que as crianças, bebês e recém-nascidos serão salvos quando ainda não tem consciência para discernir entre o certo e o errado. Mas passar pelo batismo é algo totalmente diferente, visto que o batismo possui os precedentes necessários que consiste em crer e se arrepender, e Isaías nos diz que existe um período “antes que o menino saiba rejeitar o mal e escolher o bem” (Is 7:16).

5°) Jesus não foi batizado quando recém-nascido, mas apenas apresentado no templo. Como cremos que Ele é o nosso exemplo maior a ser seguido (1Jo 2:6) e ele não foi batizado quando criança e nem tampouco ensinou isso, cremos que Jesus está certo e os católicos errados. Afinal, se o batismo deve ser realizado poucos dias depois do nascimento, então o próprio Jesus teria sido batizado da forma incorreta e no tempo errado, passando-nos um mau exemplo, ou, pelo menos, um exemplo contrário à prática tradicional da Igreja de Roma!

Muito mais poderia ter sido dito, mas, para resumir, fica claro que o que a Igreja Católica mais uma vez faz é negar a necessidade do arrependimento. Batizando os bebês que nem sequer ainda tem a capacidade de crerem em Cristo, ela dispensa desta forma o batismo real e verdadeiro que só ocorre quando já se tem maturidade suficiente para crer.

Assim, ela oferece um batismo falso e inválido, sem o preenchimento de qualquer precedente necessário para que ele se realize da forma correta, e assim dispensa os seus fieis de receberem o verdadeiro batismo que deveria vir quando as pessoas já fossem maduras o suficiente para crer em Cristo e se arrepender dos seus pecados.

O resultado? Ficam com um batismo falso no qual elas nem sequer se lembram, e dispensam o batismo verdadeiro que, esse sim, pode conduzir o homem a uma mudança e transformação de vida, de uma velha para uma nova criatura, ao se levantar das águas.

(Lucas Banzoli)

FRASES DE PRATICANTES DO BATISMO INFANTIL

LUTERO – “Não pode ser provado pelas sagradas Escrituras que o batismo infantil foi instituído por Cristo ou começado pelos cristãos prístinos depois dos apóstolos.” A Lutheran Case Against Infant Baptism. Lutero “Livremente admitiu que o batismo infantil não é nem explicitamente ordenado ou explicitamente mencionada nas Escrituras. Não há ‘passagens específicas referentes ao batismo infantil’. A testemunha direta da Escritura, por si só não é forte o suficiente para fornecer uma base adequada para começar o batismo infantil, não fosse ele já praticado.” – (The Theology of Martin Luther | por Paul Althaus | página 361)

ERASMO – “Em nenhum lugar dos escritores apostólicos está expresso que batizaram criancinhas.”

OLSHAUSEN – “Há totalmente em falta qualquer passagem que seja prova conclusiva para o batismo infantil no tempo dos apóstolos, nem pode para o mesmo haver qualquer necessidade e deduzir-se da natureza do batismo.”

GEORDE EDUARD STEITZ – SCHAFF – HERZOG ENCY. – Art Bapt. – “Não há nenhum traço de batismo infantil no Novo Testamento.”

A. T. BLEDSOE, LL. D. – “É artigo de nossa fé (Metodista Episcopal), que o batismo de criancinhas não deve de nenhuma maneira ser retido na igreja, como agradabilidade à instituição de Cristo. Ainda assim, com toda a nossa pesquisa, não temos podido achar no Novo Testamento uma só declaração expressa ou palavra a favor do batismo infantil.” (Southern Review, Vol. 14). E esse mesmo escritor diz: “Centenas de cultos pedobatistas têm chegado à mesma conclusão, especialmente desde que o Novo Testamento esteve sujeito a uma exegese mais íntima, mais conscienciosa e mais cândida do que foi anteriormente praticada pelos controversistas.”

H. A. W. MEYER, TH. D. (chamado “o príncipe dos exegetas”) – “O batismo das crianças, do qual não se acha traço em o Novo Testamento, não deve ser sustentado como ordenança apostólica…”

NEANDER – “O batismo, no princípio, foi administrado só a adultos, pois os homens estavam acostumados a conceber batismo e fé como estritamente ligados. Não aparece qualquer razão para derivar-se o batismo infantil de uma instituição apostólica e o reconhecimento dele, que se seguiu um tanto mais tarde, como de tradição apostólica, serve para confirmar esta hipótese.” (Church History).

GEORGE HODGE – “Os recipientes do batismo parecem ter sido originalmente pessoas de vida madura. O mandamento. “Ide ensinai todas as nações e batizai-as”, e as duas  condições, “Arrependei-vos e sede batizados”, e “O que crer e for batizado” indica adultos” (The Episcopal Church, Its Faith and Order | Pág. 51).

A. B. MCGIFFERT – “Se as criancinhas foram batizadas na era apostólica, não temos meios de o determinar” (History os Chistianity im the Apostolic Age |  Pág. 543).

ROBERT RAINY, ao tratar do período A. D. 98-180 – “O batismo pressupunha alguma instrução cristã e precedida de jejum. Significava perdão dos pecados passados e era um ponto de partida visível da nova vida sob as influências cristãs e com a inspiração dos fins e alvos cristãos” (Ancient Catholic Church | Pág. 75).

HARNACK, ao tratar do período pós-apostólico – “Não há traço seguro de batismo infantil na época; a fé pessoal é uma condição necessária.” (History of Dogma | Vol. I | Pág. 20).
H. M. GWATKIN – “Temos boa evidência de que o batismo infantil não é instituição direta quer do Senhor mesmo, quer dos Seus apóstolos. Não há traço dele no Novo Testamento” (Early Church History to 313 | Vol. I | Pág. 250).

(Hélio de Menezes)

Soli Deo Gloria!
Compilado Por Israel Reis

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